terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Mais vale um gossto

No último fim de semana, como foi anunciado neste jornal, a Penha participou do “Revelando São Paulo”. Um “pusilus grex” ou “pequeno rebanho” a representou, levando a imagem de Nossa Senhora da Penha sobre a bandeira da cidade e um painel, composto de seis quadros, semelhante ao vitral que se encontra na Basílica, e que retrata uma das muitas idas da imagem à Catedral da Sé, nas tantas vezes que para lá foi levada pelos penhenses, nos séculos XVIII e XIX, ocasiões em que a cidade era açoitada por secas prolongadas ou pandemias como a da gripe suína que nos afligiu e ainda aflige a tantos em outros países.

No percurso da caminhada, do Largo do Paissandu até o Parque da Água Branca, milhares de pessoas, das ruas ou das janelas dos prédios, assistiram à passagem de um cortejo com muitos carros de bois artisticamente ornamentados, grupos representativos de outras confissões religiosas, intervenções do carro de som sempre com um fundo musical de melodias clássicas, batidas ritmadas da Congada de Santa Efigênia de Mogi das Cruzes. Naquelas avenidas centrais da cidade, o ruído dos motores e das britadeiras foi substituído pelo som produzido pelo relinchar das rodas dos carros de bois. Estímulos visuais e auditivos que funcionaram como um antídoto à neurose do corre-corre, imposto aos paulistanos pela modernidade urbana.

O pequeno grupo da Penha contou com o reforço de pessoas da Paróquia Jesus Adolescente de Vila Dalila, da de Nossa Senhora Aparecida de Vila Nhocuné, além de alguns voluntários que se apresentaram na última hora. Gente suficiente para carregar os adereços simbólicos. O revezamento permitia que, enquanto um descansava o braço o outro descansava o ombro e, assim, todos puderam chegar mais ou menos inteiros ao final. O entusiasmo fez com que o peso e a distância não fossem sentidos na proporção do esforço despendido, que o digam a Dona Iracema, da Penha, e a Dona Cida Ananias, do Nhocuné.

Quando, faz alguns anos, veio à Penha a Companhia Folia de Reis “Estrela do Oriente”, houve pessoas que fizeram questão de acompanhá-la em todo o percurso por ela realizado. Uma dessas pessoas até se esqueceu que não podia subir escadas por causa de problemas no joelho. No pique da motivação, entretanto, quase sem perceber, chegou ao terceiro andar onde se encontra a Casa de Cultura, podendo participar ali da apresentação dos foliões.

Mais uma vez se confirmou o dito popular: “Mais vale um gosto do que cem reais no bolso... ou qualquer outra coisa que o valha!”.   

Postado por José Morelli

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