No último fim de semana, como foi anunciado neste jornal, a Penha participou do “Revelando São Paulo”. Um “pusilus grex” ou “pequeno rebanho” a representou, levando a imagem de Nossa Senhora da Penha sobre a bandeira da cidade e um painel, composto de seis quadros, semelhante ao vitral que se encontra na Basílica, e que retrata uma das muitas idas da imagem à Catedral da Sé, nas tantas vezes que para lá foi levada pelos penhenses, nos séculos XVIII e XIX, ocasiões em que a cidade era açoitada por secas prolongadas ou pandemias como a da gripe suína que nos afligiu e ainda aflige a tantos em outros países.
No percurso da
caminhada, do Largo do Paissandu até o Parque da Água Branca, milhares de
pessoas, das ruas ou das janelas dos prédios, assistiram à passagem de um
cortejo com muitos carros de bois artisticamente ornamentados, grupos
representativos de outras confissões religiosas, intervenções do carro de som sempre
com um fundo musical de melodias clássicas, batidas ritmadas da Congada de
Santa Efigênia de Mogi das Cruzes. Naquelas avenidas centrais da cidade, o
ruído dos motores e das britadeiras foi substituído pelo som produzido pelo
relinchar das rodas dos carros de bois. Estímulos visuais e auditivos que
funcionaram como um antídoto à neurose do corre-corre, imposto aos paulistanos
pela modernidade urbana.
O pequeno grupo
da Penha contou com o reforço de pessoas da Paróquia Jesus Adolescente de Vila
Dalila, da de Nossa Senhora Aparecida de Vila Nhocuné, além de alguns
voluntários que se apresentaram na última hora. Gente suficiente para carregar
os adereços simbólicos. O revezamento permitia que, enquanto um descansava o
braço o outro descansava o ombro e, assim, todos puderam chegar mais ou menos inteiros
ao final. O entusiasmo fez com que o peso e a distância não fossem sentidos na
proporção do esforço despendido, que o digam a Dona Iracema, da Penha, e a Dona
Cida Ananias, do Nhocuné.
Quando, faz
alguns anos, veio à Penha a Companhia Folia de Reis “Estrela do Oriente”, houve
pessoas que fizeram questão de acompanhá-la em todo o percurso por ela
realizado. Uma dessas pessoas até se esqueceu que não podia subir escadas por
causa de problemas no joelho. No pique da motivação, entretanto, quase sem
perceber, chegou ao terceiro andar onde se encontra a Casa de Cultura, podendo
participar ali da apresentação dos foliões.
Mais uma vez se
confirmou o dito popular: “Mais vale um gosto do que cem reais no
bolso... ou qualquer outra coisa que o valha!”.
Postado por José Morelli
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