quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O "nosso" psicológico

Não me refiro ao psicológico pessoal de cada um de nós. Refiro-me, especialmente, ao psicológico que pode ser considerado “nosso”: tudo aquilo que existe em torno de nossa coletividade mais próxima, deste nosso bairro da zona leste paulistana. Temos muitas coisas em comum. Compartilhamos acontecimentos que nos atingem bem de perto e nos influenciam mais do que podemos imaginar. Essas coisas, consideradas em si mesmas, não são psicológicas. O que é psicológico é como elas são entendidas e sentidas na individualidade de cada pessoa e no conjunto das pessoas que formam nossa sociedade. As trocas de informações entre todos ajudam na formação de consensos. Por conta desses consensos, os acontecimentos vão tomando direções: ora no sentido de aumentar suas influências, ora no sentido de diminuí-las.

Psicológico, identidade pessoal, personalidade. Todos e cada um de nós temos uma personalidade. A partir desta base, nos construímos e nos direcionamos. O “nosso” psicológico faz com que nos identifiquemos em alguns aspectos, assemelhando-nos de alguma forma. Gostemos ou não, somos influenciados pelos mesmos condicionantes externos que nos envolvem. Trazemos em nossa mente imagens de pessoas que fazem parte de nosso cotidiano. Algumas destas ocupam posições de liderança, enquanto que outras vivem na condição de cidadãos comuns; porém, muitas vezes, bastante densas de significados, independentemente de umas aparecerem mais e outras menos. Cada uma, em sua maneira de ser e de agir, cumpre um papel importante. O nosso “pequeno mundo” não seria completo se qualquer uma dessas pessoas não existisse. Haveria um vazio, que precisaria ser completado.

O mesmo se pode dizer dos lugares. Estes, além de ocuparem o espaço físico de nossa geografia, também ocupam os espaços de nosso cérebro e de nossos sentimentos. Trazemos cada um deles como referências. Muitas de nossas histórias pessoais foram presenciadas por esses lugares. Eles são o nosso palco comum. O nosso pano de fundo.

Os sons e ruídos que vêm das ruas entram em nossas casas e penetram em nossos ouvidos e mentes. Familiarizamo-nos com vários deles: os dos carros das pamonhas, do afiador de facas e tesouras, do vendedor de produtos de limpeza e da voz inconfundível do Avelar-Som, além de outros. Respondemos, de alguma maneira, a todos esses estímulos. Interagimos, moldando-nos e sendo moldados por tudo o que se constitui como nosso: o nosso” psicológico.

Postado por José Morelli

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