segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Lei da compensação

Quando uma pessoa perde a visão de uma das vistas, a outra naturalmente vai se adaptando e se desenvolvendo de forma a compensar a falta da primeira. O não funcionamento de um dos rins exige do outro que passe a funcionar eficientemente pelos dois. O atleta que sofre uma lesão e precisa ficar fora dos treinos e dos jogos, desenvolve os músculos dos membros não lesados, tendo em vista a intensificação dos movimentos destes para compensar a falta dos daqueles. Isso faz com que a diferença entre uns e outros aumente, exigindo treinos específicos para devolver aos membros lesados a antiga capacidade perdida. Por esses exemplos citados, percebemos que no plano funcional os órgãos do corpo parecem obedecer a uma lei que pode ser chamada de lei da compensação.

No plano psicológico, essa mesma lei também parece ter seu espaço. Dizem as boas ou más línguas que é nas paredes das casas dos ricos que são encontrados aqueles quadros com imagens representativas da pobreza: embarcações velhas e carcomidas junto a choupanas zoadas e aos pedaços, enquanto que nas paredes das casas dos pobres o gosto é de ter quadros representativos de riquezas, dourados e cheios de pedras preciosas. “Quem é o menor, tem que ser o melhor”, assim diz a sabedoria popular. Quem não é bonito e rico tem que ser inteligente. Quem se acha carente de afetos e de atenções precisa presentear a muitos.

As pessoas, em suas individualidades, são movidas por um senso de equilíbrio. Na falta de uma qualidade, sentem que precisam conquistar outra a fim de equilibrarem suas condições comparativamente aos outros. Essas mesmas pessoas, consideradas em seus coletivos, também apresentam essa mesma tendência compensatória. As gerações, por mais evidente que seja de que todas elas passarão com o tempo, precisam se compensar deixando sinais/evidências que as eternizem. Assim o fizeram os faraós do Egito mediante construção de suas famosas efígies e pirâmides. O mesmo se pode entender quanto às surpreendentes muralhas construídas na China. Modernamente, em cidades onde o dinheiro sobra, como Dubai e outras, são construídos prédios gigantescos que lembram a famosa torre de Babel. Em sua ânsia de imortalizar-se, a humanidade parece procurar sua perpetuação, construindo coisas que possam sobreviver ao homem e às gerações, compensando-se assim de sua inexorável finitude.

Postado por José Morelli

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