A história serve às pessoas. Os humanos, desde os tempos em que viviam nas cavernas, foram encontrando meios de registrar tudo aquilo que lhes parecia relevante. Não faltam pinturas chamadas de rupestres que comprovam esta afirmação. Por mais laboriosas que sejam as formigas ou as abelhas, elas nunca precisaram registrar a própria história, para se garantirem de continuar fazendo o que sempre fizeram. Em ambas o instinto herdado por natureza é suficiente. O campo de ação dos humanos tem sido muito mais vasto do que o de qualquer irracional. A história humana é o registro dos acontecimentos e dos significados que aos mesmos foram e são atribuídos, no decorrer do tempo e no momento presente. O historiador é como um fotógrafo que, com sua máquina, retrata as imagens que cabem no alcance de suas lentes.
Toda história
possui uma linha de continuidade. Fatos do presente podem ser mais bem
entendidos a partir do conhecimento de acontecimentos ocorridos no passado e,
dos quais, estes decorrem como um desdobramento natural. A história é mestra da
vida. O fato é, em si mesmo, algo a ser levado à sério. Contra ele, dizem, não
há argumentos. Explicações para um mesmo fato podem ser muitas. Lições a serem
tiradas de um mesmo acontecimento também podem ser muitas. A razão mesma de
existirem tantas cabeças, não significa de que seja impossível se construir
consensos a respeito de determinados porquês.
É uma pena que,
no geral, as pessoas saibam tão pouco da própria história e da história dos
lugares onde vivem. Por mais mestra que possa ser a história, ela não consegue
trazer luz alguma sobre a inteligência de ninguém, se a ela as pessoas não
voltarem suas atenções.
O entendimento
da história presente exige certo esforço para ser conseguido. Sem dúvida, o
mesmo se pode dizer com relação à história passada, à história de ontem, de
nossos pais, avós e bisavós. Só se ocupar da luta pela sobrevivência no dia a
dia sempre será insuficiente para proporcionar um juízo mais abrangente da
realidade.
Nomes de certas
ruas do bairro, uma ou outra árvore de grande porte que insiste em sobreviver
aqui e ali, comemorações de efemérides relacionadas à história do bairro, prédios
públicos ou privados que sobreviveram ao tempo, móveis e peças antigas
conservadas, títulos chamativos de livros, estes e outros objetos e
acontecimentos podem servir como sinais, como fios condutores. Tomando-os pelas
pontas, podemos puxá-los. Na medida em que avançamos em nossa disposição de
conhecer, penetramos nos fatos, desvendando-lhes sua importância e significado.
Ampliamos nossa capacidade de ver e de entender a vida, no específico e no geral.
Postado por José Morelli
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