quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O bairro e sua história

A história serve às pessoas. Os humanos, desde os tempos em que viviam nas cavernas, foram encontrando meios de registrar tudo aquilo que lhes parecia relevante. Não faltam pinturas chamadas de rupestres que comprovam esta afirmação. Por mais laboriosas que sejam as formigas ou as abelhas, elas nunca precisaram registrar a própria história, para se garantirem de continuar fazendo o que sempre fizeram. Em ambas o instinto herdado por natureza é suficiente. O campo de ação dos humanos tem sido muito mais vasto do que o de qualquer irracional. A história humana é o registro dos acontecimentos e dos significados que aos mesmos foram e são atribuídos, no decorrer do tempo e no momento presente. O historiador é como um fotógrafo que, com sua máquina, retrata as imagens que cabem no alcance de suas lentes.

Toda história possui uma linha de continuidade. Fatos do presente podem ser mais bem entendidos a partir do conhecimento de acontecimentos ocorridos no passado e, dos quais, estes decorrem como um desdobramento natural. A história é mestra da vida. O fato é, em si mesmo, algo a ser levado à sério. Contra ele, dizem, não há argumentos. Explicações para um mesmo fato podem ser muitas. Lições a serem tiradas de um mesmo acontecimento também podem ser muitas. A razão mesma de existirem tantas cabeças, não significa de que seja impossível se construir consensos a respeito de determinados porquês.

É uma pena que, no geral, as pessoas saibam tão pouco da própria história e da história dos lugares onde vivem. Por mais mestra que possa ser a história, ela não consegue trazer luz alguma sobre a inteligência de ninguém, se a ela as pessoas não voltarem suas atenções.

O entendimento da história presente exige certo esforço para ser conseguido. Sem dúvida, o mesmo se pode dizer com relação à história passada, à história de ontem, de nossos pais, avós e bisavós. Só se ocupar da luta pela sobrevivência no dia a dia sempre será insuficiente para proporcionar um juízo mais abrangente da realidade.

Nomes de certas ruas do bairro, uma ou outra árvore de grande porte que insiste em sobreviver aqui e ali, comemorações de efemérides relacionadas à história do bairro, prédios públicos ou privados que sobreviveram ao tempo, móveis e peças antigas conservadas, títulos chamativos de livros, estes e outros objetos e acontecimentos podem servir como sinais, como fios condutores. Tomando-os pelas pontas, podemos puxá-los. Na medida em que avançamos em nossa disposição de conhecer, penetramos nos fatos, desvendando-lhes sua importância e significado. Ampliamos nossa capacidade de ver e de entender a vida, no específico e no geral.

Postado por José Morelli

         

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