Existem pessoas
que se comportam sempre e com quem quer que seja como se tivessem pavio ou
estopim curto. Há outras que só agem assim de vez em quando, dependendo do estado
emocional que momentaneamente trazem dentro de si mesmas. É o pavio que leva o
fogo até ao explosivo e o faz detonar.
Se este for muito curto, o fogo chega rapidamente à bomba sem que haja tempo
suficiente para se poder proteger de sua explosão.
Responder dessa
forma imediata e intempestiva diante de uma simples palavra ou gesto é
consequência de uma disposição preexistente. Pessoas que se posturam, que se
posicionam como necessitadas de estarem armadas até os dentes, são aquelas que
sempre esperam pelo pior, que não têm tranqüilidade quanto à própria capacidade
de lidar com acontecimentos e situações novas. Trazem em si mesmas a sensação
de dúvida, desconfiam de que têm dívidas a pagar e temem ser expostas a
constrangimentos em qualquer instante. Tudo o que lhes vem na cabeça e no peito
sentem como ameaça à sua integridade física ou psicológica. Vivem as situações que
lhes surgem de maneira dramática ou mesmo trágica, daí a necessidade de se
defenderem como que tendo que trazer sempre muitas pedras nas mãos.
Aqueles que só
eventualmente respondem explosivamente, dependendo do estado emocional, não se
caracterizam como neuróticos. Trazem, em si mesmos, sensações de sobrecargas.
Acham que já fizeram muito e, se tiverem que fazer ainda mais, estarão sendo
lesados. Não se sentem com obrigações, mas apenas com direitos. Isto é o que
acontece com frequência nos relacionamentos entre pais e filhos e quando a
educação não foi assimilada num sentido de equilíbrio.
Todos
construímos conceitos em nossas mentes. Construímos conceitos quanto a quem e
como somos e quanto aos outros: quem e como estes são ou se comportam.
Dependendo do que uma determinada pessoa já nos fez, pelas provas que deu de
sua inidoneidade, o conceito que construímos a respeito dela pode ser o de uma
pessoa que não nos merece confiança. Consequentemente, criamos frente a ela uma
predisposição negativa, que nos faz ficarmos sempre com o pé atrás, prevenidos
contra algum mal que nos venha a fazer. Se,
diante de situações que nos assustam, conseguimos contar até 10, antes de
tomarmos alguma atitude, isso prova que nosso pavio não é tão curto a ponto de
fazer-nos explodir como bombas inoportunamente e inconsequentemente.
Postado por José Morelli
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