Houve um tempo em que estas ainda não existiam no planeta. As cidades foram um dos maiores inventos da humanidade. Nelas homens e mulheres podiam se fixar em suas casas e aí permanecerem por longo tempo dando proteção às famílias e base para o seu desenvolvimento. O processo de aperfeiçoamento dessa nova invenção é chamado de urbanização, palavra latina derivada de urbs, que significa cidade. No começo, estas eram fortificadas, isto é: cercadas por altas muralhas que as protegiam dos ataques de inimigos. As condições de segurança que vieram depois permitiram que as cidades modernas não necessitassem de muros como as dos tempos medievais. Os acessos aos diversos lugares (residências, escolas, igrejas, lojas, bancos) podiam se dar sem que fosse necessário transpor muros ou fossos. O direito de ir e vir passou a ser mais respeitado. A evolução conseguia prosseguir relativamente tranquila em seu curso.
Porém, veio o desenvolvimento tecnológico e o progresso ampliou a
capacidade dos humanos em dois sentidos: o de proteger e desenvolver a vida e,
por outro lado, o de destruí-la em fração de segundos. Hoje, muitas cidades
voltaram a construir muros de proteção em seus interiores. Aqueles que podem
erguê-los assim o fazem e dentro deles se refugiam. O próprio comércio
construiu para si ambientes fortificados. Condomínios fechados se apresentam
como dotados da melhor qualidade e, consequentemente, sendo os mais valorizados
do mercado. Para irem de um lugar ao outro, os cidadãos de posse saem, em seus
carros, de garagem para garagem. As ruas vão deixando de pertencer aos mais
abastados e influentes, sendo relegadas a abandonos por parte dos poderes
governamentais.
Barcelona é uma das cidades mais turísticas da Europa. Seu forte são
suas ruas e praças com milhares de pessoas visitando seus monumentos e
comprando em seu comércio a céu aberto. As cidades surgiram para serem espaços
democráticos. Nestes as pessoas se encontram e desenvolvem ações que lhes fazem
bem. A saúde física e mental/psicológica precisa de ar, de luz, de espaço
aberto em todas as direções para se expandir.
Nossa cidade precisa ser amada e não odiada. Nosso bairro, em suas
ruas e praças, precisa servir ao nosso aconchego e ao nosso lazer. O medo não é
bom conselheiro. Por si só, já é um grande prejuízo para todos. Nosso desafio é
vencê-lo e não sermos vencidos por ele.
Postado por José Morelli
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