Sua base primeira é o espaço geográfico que ele ocupa, compreendendo o solo e o subsolo. Desse espaço faz parte tudo aquilo que o mesmo contém: relevos, planícies, vales, rios, ribeirões, fontes d’água, árvores antigas e novas, casas, prédios, ruas, praças e avenidas, áreas de lazer e esporte, escolas, igrejas, hospitais, shopping center, fábricas, comércio, bancos, rede de abastecimento de água e de coleta de esgoto, todo aparato necessário ao fornecimento de luz elétrica, telefonia fixa e de celulares, torres transmissoras de rádio e de televisão, etc. etc. As nuvens, enquanto se encontram dentro dos limites que circunscrevem o bairro, também podem ser consideradas como parte dele. Se das nuvens caírem pouca ou muita chuva, esta vai incidir sobre as áreas que se encontram abaixo delas, penetrando-lhes o solo ou escoando através de seus vales e rios.
Um bairro é
também feito de gente. Dos que nele nasceram e dos que para ele vieram depois
de nascidos. É o que não pode faltar! As muitas espécies de animais domésticos
e outros bichos, que nele perambulam, também fazem parte de sua jurisdição e
patrimônio. Os passarinhos que constroem seus ninhos nos galhos das árvores e deles
saem, voltando depois, trazendo alimento para seus filhotes.
Fazem parte de
um bairro os diferentes sons que nele são produzidos, a intensidade com que a luz
do sol ilumina o chão e os telhados das casas, a maneira como o vento sopra,
levando ou trazendo a poluição, produzida por automóveis e caminhões.
Um bairro sempre
tem que ter um nome, pelo qual é reconhecido e chamado. A partir desse nome,
todos aqueles que nascem no bairro recebem um qualificativo próprio. Os
nascidos no bairro da Penha de França são chamados de penhenses. Normalmente,
os nomes dados aos bairros possuem um histórico que os justifica. As pessoas
nascidas num determinado bairro ou que nele residem possuem cabeça, tronco e
membros, como os demais seres humanos do resto do mundo. Nas cabeças, essas
pessoas possuem idéias: próprias ou advindas do contexto, do ambiente que as
envolve. O coletivo cria uma sua representação na mente dos indivíduos. Essa
representação se constitui como ponto de encontro, lugar onde cidadãos e
cidadãs de um mesmo bairro se reconhecem como coletividade.
Um bairro se faz com idéias, muitas idéias. A essas idéias se associam emoções e sentimentos. Às idéias positivas a tendência é de que se associem sentimentos positivos. Às idéias negativas a tendência é de que se associem sentimentos negativos. A crença no positivo se faz a partir da vivência de acontecimentos construtivos, que acenem para a vida, para a união, para a solidariedade, para a confiança mútua. O dia a dia é vivido de forma rotineira. Os domingos, feriados e dias festivos são momentos especiais em que o bairro, a cidade e o país celebram o viver, experimentando-o e degustando-o em seu inteiro sabor.
José Morelli
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