Uma imagem que pode sugerir a idéia de enfrentamento é a dos cavaleiros
medievais, revestidos de armaduras da cabeça aos pés, empunhando pesadas lanças
e escudos, e que se enfrentavam até que um conseguisse derrubar e vencer o
outro.
Nos caminhos da vida, nem sempre o mais indicado é “negar” a existência
das dificuldades, tratando-as como se não existissem. Mais honesto e eficaz é
enfrentá-las, reconhecendo-as em sua existência e verdade, olhando-as de frente
e avaliando-lhes o alcance. Dificuldades pessoais, de ordem física ou psíquica,
exigem que sejam reconhecidas pelo pensamento como existentes, na proporção
exata de sua gravidade. Reconhecer, assumir e assimilar uma doença, uma
deficiência qualquer, a perda da visão ou da audição, o envelhecimento, não é
algo fácil, exigindo esforço e coragem. Passar adiante, não se detendo no que
acontece, é um descaso que pode acarretar sérias conseqüências.
Nos relacionamentos com outras pessoas também acontecem situações que
precisam ser enfrentadas: divergências de opiniões, choques de interesses,
faltas de respeito, atos de violência, não-cumprimento de obrigações e não-reconhecimento
de direitos. O silêncio diante de situações como essas é prejudicial. Mesmo que
aparentemente tudo se mantenha como se nada estivesse acontecendo, o sentido de
dignidade de quem assim se cala não deixará de sofrer abalos, provocando
diminuição da auto-estima e da autovalorização.
Os cavaleiros se preparavam muito para se enfrentarem nos campos de
provas. Revestiam-se de armaduras e empunhavam armas adequadas. Para não fugir
dos enfrentamentos que a vida exige, é preciso força interior e uma
personalidade que sirva de base para posicionamentos bem definidos e atitudes
firmes.
Um dos objetivos da psicoterapia é justamente o de dar ao paciente
condições de distinguir, dentre as dificuldades que tem ou imagina ter, as
verdadeiras das falsas, e de prepará-lo
para que as enfrente com coragem e eficácia.
Postado por José Morelli
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