A palavra desligamento é utilizada para indicar o momento em que o paciente recebe alta de sua terapia, deixando de existir a partir daí o compromisso anteriormente assumido, entre este e seu psicoterapeuta. Interrompe-se a freqüência com que o paciente ia às sessões, no lugar pré-estabelecido e nos dias e horários combinados. Desfaz-se, formalmente, o vínculo terapêutico.
Durante o período do tratamento, o esforço e a dedicação que envolveram
paciente e psicoterapeuta visavam, por
um lado, combater a doença e, por outro, fazer expandir a saúde do paciente,
ampliando suas capacidades de se cuidar. Nessa tarefa, cada um assumiu papéis
complementares, estabelecendo-se uma dinâmica na interação entre ambos
cristalizando-se um vínculo, um sentimento profundo com muitos possíveis
significados.
No momento em que, de comum acordo, decidem-se pelo desligamento,
inicia-se um novo processo, uma nova maneira do paciente lidar com suas
dificuldades. Sem poder contar com o apoio direto do terapeuta, o paciente traz
para si os dois papéis: o dele próprio e parte do que exercia o terapeuta,
assumindo sua vida com mais autonomia. O desligamento pode ser entendido como
uma emancipação.
Se o terapeuta avaliar que o paciente ainda não se encontra preparado
para desligar-se, recomenda-lhe que
prolongue seu tratamento por mais algum tempo. Com isto, pretende que o
paciente se equipe melhor para que, ao desligar-se, esteja em condições de
levar adiante sua vida, desenvolvendo-se firmemente, administrando seus pontos
fortes e fracos, sem riscos
desnecessários de recaídas.
Postado por José Morelli
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