Este é um fenômeno psicológico que pode ser observado com relativa frequência e que não deixa de ter os seus porquês. Trata-se de uma tendência de a pessoa se sentir atraída por coisas e desejar que sejam suas; porém, depois de tê-las adquirido, perder parcial ou totalmente o interesse que antes sentia pelas mesmas. Bastou o objeto passar a ser considerado seu e este perde o encanto com que brilhava ante seus olhos. Um ingrediente de inveja se esconde no fenômeno de sempre achar que aquilo que é dos outros é melhor e mais bonito do que aquilo que lhe é próprio.
Esse mesmo
fenômeno também se evidencia com relação a pessoas. Enquanto alguém é apenas desejado
ou desejada não existindo ainda nenhum vínculo de pertença, o interesse de conquistá-lo
(a) é total. No entanto, depois de a aproximação ter se concretizado ou
firmado, aquilo que era um interesse vai se dissolvendo, podendo até mesmo se
transformar em repulsa. Marido, mulher, filhos, irmãos, familiares, amigos
podem perder encantos aos olhos de quem não se considera merecedor de tê-los
como esposo, esposa, pai ou mãe, irmão ou irmã, parente ou amigo. Quem se julga
ou se sente inferior aos outros tende a desvalorizar coisas ou pessoas com as
quais possui vínculos de pertencimento.
Acreditar em si,
apostar em si é o mesmo que ter consistência naquilo que faz, nas decisões que
toma. É esta fé que fundamenta a valorização de si mesmo e, por decorrência, do
que lhe pertence. Ter alguma coisa ou pessoa sempre implica em compromisso ou responsabilidade.
Uma reciprocidade se estabelece entre aquele que tem com aquilo que é seu. Quem
não tem um mínimo de capacidade de resistir à frustração e suportar o peso da
responsabilidade pelas atitudes que toma, não é capaz de se sentir confortável
ao se vincular com coisas ou pessoas.
O consumismo é
uma forma de preencher os próprios vazios e insatisfações. Uma ansiedade que
precisa encontrar um apoio que atenue a força das ondas, que desestabilizam o
sentido da própria segurança/inseguranças, nas incertezas naturais da vida.
Os casos mais
intensos em que se dá esse fenômeno se configuram como neurose. Um círculo
vicioso do qual os indivíduos não conseguem se libertar. Consequência lógica de
uma carência de auto-estima, de falta de amor para consigo mesmo. Uma
incapacidade de aceitação dos próprios limites e da necessidade de saber
esperar e não querer ter tudo imediatamente. Na sabedoria do caminhoneiro, uma
frase alerta para esta importante lição: “Não
tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho!”
Postado por José Morelli
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