quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Convicção

Convicto é aquele que é ou está convencido de alguma coisa, que considera importante. A realidade pode ser vista e entendida a partir dos mais variados pontos de vista. Quanto maior for a capacidade de visualizá-la, maiores serão os entendimentos e compreensões a seu respeito. “Timeo hominem unius libri”. A tradução desta frase latina pode ser assim: “Temo o homem que possui uma única visão da realidade”.

No contexto em que nos encontramos hoje, com tantas possibilidades de usufruir os mais variados tipos de bens de consumo, somos fortemente tentados a fechar-nos em nossa individualidade. Abrir o leque de possibilidades de leituras dos fatos e acontecimentos é sempre saudável. Na contramão desse contexto, quero agora contar a história do Clemente.

Clemente viveu na cidade de Viena, na Áustria, num tempo particularmente difícil. As lutas políticas produziam muitas guerras entre vários países da Europa. Nas ruas das cidades havia muita pobreza. Clemente se sensibilizava principalmente com as crianças desabrigadas e passando fome por todos os cantos da cidade. Fazendo o que estava no seu alcance, passou a reunir essas crianças numa casa, transformando-a num abrigo para menores. Numa noite fria, percebendo que não havia nada para dar de comer para as crianças, no dia seguinte, Clemente saiu em busca de alguma ajuda. Numa taberna, encontrou dois homens que estavam bebendo em uma mesa. Aproximou-se dos dois, pediu licença e falou da necessidade que estava vivendo naquele momento. Um dos homens, já alterado pela bebida, como resposta, escarrou e deu-lhe uma cusparada no rosto. Clemente, sem se mostrar perturbado, tirou o lenço e limpou o rosto. Depois, voltando-se para o homem, disse-lhe convicto: “Bom, meu amigo! Isto é o que você tem para me dar. Agora, eu quero saber o que você tem para oferecer para as minhas crianças que estão passando fome?”

O historiador deste fato registrou ainda que a atitude do Clemente fez mudar o pensamento e o sentimento do homem. A partir daquele dia, ele se tornou um benfeitor do abrigo, passando a ajudar as crianças no que podia.

Convicção é uma força interior, uma projeção do próprio ser, do próprio pensamento e sentimento, um investimento em algo que se acredita, em algo que se dá valor. Clemente achou que a causa das crianças tinha mais importância, naquele momento, do que qualquer desprezo que fosse dirigido à sua pessoa. Uma questão de ponto de vista apenas, mas que pode fazer muita diferença.     

Postado por José Morelli

 

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