O espelho recebe e
devolve as imagens nele projetadas. Essas imagens são re-fletidas: vão e
voltam. Os vidros transparentes e as lentes deixam passar as imagens em linha
reta ou desviando-as para outras direções. O espelho reflete as imagens invertendo
a posição: o que está na direita passa para a esquerda e, o que está na
esquerda passa para a direita. É por isso que as palavras “ambulância”,
“bombeiro” e “polícia” são escritas invertidas, na parte da frente dos
veículos, para poderem ser lidas corretamente, através dos espelhos-retrovisores dos carros que vêm à
frente.
Comparando, podemos
dizer que somos ou podemos ser espelhos uns
para os outros. Destes, temos a capacidade de captá-los não só por suas imagens
pela visão, mas por suas palavras pela audição, por seus cheiros pelo olfato,
pela maciês da pele ou pelo esbarrão descuidado, dos que passam sem pedir
licença, pelo tato.
Todas essas projeções
dos outros sobre nós e de nós sobre os outros podem ser correspondidas através
das respostas, que emitimos ou que os outros emitem. Um sorriso, um gesto, uma
palavra ou um palavrão podem refletir o agrado ou desagrado, que provocamos nos
outros ou que os outros provocam em nós.
Diz o provérbio que “para bom entendedor, meia palavra basta”. Na verdade, não precisa nem ser meia palavra,
basta um simples olhar, um discreto sorriso ou um leve sinal de indiferença e podemos captar o quanto estamos
sendo importantes ou não, o quanto agradamos ou incomodamos. É assim que
podemos nos perceber através das reações, que provocamos nos outros e das que
os outros nos provocam.
O espelho reflete as
imagens ao contrário. Sua posição é oposta à nossa. Ficamos mais ou menos à sua
frente, um diante do outro. Quando servimos como espelho para os outros, também
projetamos suas imagens a partir de uma posição oposta a deles. Além disso,
nossas retinas captam suas imagens de cabeça para baixo, enquanto nossa mente
decofica-as, corrigindo suas posições.
Pode ocorrer, às vezes,
de sermos espelho e vidro transparente ao mesmo tempo: projetando-nos a nós
mesmos no que refletimos dos outros. Outras vezes, podemos ser espelho e lente:
projetamos dos outros imagens distorcidas ou falsas.
Postado por José Morelli
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