Na linguagem do boxe, a expressão “assimilar golpes” significa a capacidade do boxista de suportar os socos do adversário.
Quando assimilados, os golpes não minam as forças do lutador, ele se mantém
firme. Pode mesmo dar a impressão de que mais se cansa o adversário, desferindo
seus socos, do que o boxista recebendo-os. É o bom condicionamento físico e
psicológico que lhe dá toda esta capacidade.
Deixando de lado o sentido masoquista, que pode ser atribuído à
capacidade de assimilar golpes, no boxe, pode-se fazer uso dessa expressão,
aplicando-a à capacidade das pessoas que, no dia-a-dia, mesmo procurando evitar, ao máximo, as
dificuldades da vida, precisam desenvolver uma força muito grande para assimilá-las, uma vez que, à semelhança do
boxista, ao nascerem como gente, para se manterem em pé, será inevitável que,
em vários momentos, tenham que levar e
dar, pelo menos alguns bons socos.
Na vida, os golpes podem ser de naturezas diversas. São as frustrações e
perdas, as decepções e outras dificuldades, evitáveis ou inevitáveis, que
ocorrem na vida de qualquer ser humano. Certo preparo, uma boa estrutura, uma
segurança pessoal, um sentido objetivo de si mesmo e do meio em que vive,
ajudam na formação da capacidade de assimilação dos golpes, nos embates da
vida.
Golpes fracos e fortes. Tanto uns como outros precisam, muitas vezes,
serem transformados em força. Não é só se poupando que o lutador desenvolve sua
capacidade. Seu treino deve prepará-lo tanto para apanhar, como para bater,
tanto para defender-se, como para atacar.
Nas competições, o boxista busca a satisfação da vitória. Sua força é
alimentada pela expectativa que tem de vencer. Autoconfiança e segurança é que
lhe dão força e resistência. Acreditando em si, na capacidade que tem de
superar seu adversário, o lutador desenvolve-se psicológica e fisicamente.
Na educação dos filhos, não é só poupando-os de todas as dificuldades,
que os pais os ajudam a estarem preparados para a vida. Idealismo e realismo
devem se aliar para que o positivo e o negativo, o fácil e o difícil, o prazer
e a dor, a competição e a cooperação sejam percebidos e reconhecidos, de uma
maneira equilibrada, contribuindo, assim, para servirem de base à capacidade
deles de viverem os bons e maus momentos, que a vida lhes reserva em cada etapa
de suas vidas.
Postado por José Morelli
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