domingo, 27 de agosto de 2017

Assimilar golpes

Na linguagem do boxe, a expressão “assimilar golpes” significa a capacidade do boxista de suportar os socos do adversário. Quando assimilados, os golpes não minam as forças do lutador, ele se mantém firme. Pode mesmo dar a impressão de que mais se cansa o adversário, desferindo seus socos, do que o boxista recebendo-os. É o bom condicionamento físico e psicológico que lhe dá toda esta capacidade.

Deixando de lado o sentido masoquista, que pode ser atribuído à capacidade de assimilar golpes, no boxe, pode-se fazer uso dessa expressão, aplicando-a à capacidade das pessoas que, no dia-a-dia,  mesmo procurando evitar, ao máximo, as dificuldades da vida, precisam desenvolver uma força muito grande para  assimilá-las, uma vez que, à semelhança do boxista, ao nascerem como gente, para se manterem em pé, será inevitável que, em vários momentos,  tenham que levar e dar, pelo menos alguns bons socos.

Na vida, os golpes podem ser de naturezas diversas. São as frustrações e perdas, as decepções e outras dificuldades, evitáveis ou inevitáveis, que ocorrem na vida de qualquer ser humano. Certo preparo, uma boa estrutura, uma segurança pessoal, um sentido objetivo de si mesmo e do meio em que vive, ajudam na formação da capacidade de assimilação dos golpes, nos embates da vida.

Golpes fracos e fortes. Tanto uns como outros precisam, muitas vezes, serem transformados em força. Não é só se poupando que o lutador desenvolve sua capacidade. Seu treino deve prepará-lo tanto para apanhar, como para bater, tanto para defender-se, como para atacar.

Nas competições, o boxista busca a satisfação da vitória. Sua força é alimentada pela expectativa que tem de vencer. Autoconfiança e segurança é que lhe dão força e resistência. Acreditando em si, na capacidade que tem de superar seu adversário, o lutador desenvolve-se psicológica e fisicamente.

Na educação dos filhos, não é só poupando-os de todas as dificuldades, que os pais os ajudam a estarem preparados para a vida. Idealismo e realismo devem se aliar para que o positivo e o negativo, o fácil e o difícil, o prazer e a dor, a competição e a cooperação sejam percebidos e reconhecidos, de uma maneira equilibrada, contribuindo, assim, para servirem de base à capacidade deles de viverem os bons e maus momentos, que a vida lhes reserva em cada etapa de suas vidas.

Postado por José Morelli


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