domingo, 20 de agosto de 2017

Amor-inteligente

O amor é o resultado de uma soma de empenhos. Por ele, empenha-se: o coração, o corpo em seu todo, com seus cinco sentidos; a mente, com todas as suas capacidades. O amor não pode ser só bitolamento, incapacidade de escolha de outro caminho. O amor é eleição. Possibilidade de dizer sim ou não: autonomia de decisão. O amor não pode, em hipótese alguma, ser comandado apenas pela emoção (paixão), dispensando o uso da capacidade de discernir, o que faz gozar da prerrogativa da liberdade, direito inalienável de todo ser humano.

O amor-inteligente sabe sonhar. Não prescinde deste prazer. Está aberto aos vôos mais elevados da imaginação, ocorram eles no sono ou em estado de vigília. Coração e mente se interligam. Ambos possuem espaços para se exprimirem, de acordo com a especificidade de suas funções. Do equilíbrio na distribuição desses espaços, estabelece-se a harmonia da pessoa inteira, consigo mesma, com o outro e com o meio em que se encontra.

O amor-inteligente não implica só em facilidades. Tem que obedecer a alguns ordenamentos, respeitando certos limites, próprios de quem, por natureza, não goza de condições ilimitadas. O amor-inteligente entende as restrições impostas pelo tempo e pelo espaço. É capaz de transpor distâncias, vencendo mil obstáculos, que se interpõem à sua realização.

O amor inteligente persiste em seus intentos. Sabe planejar-se: preparando o terreno, deitando a semente à  terra, esperando, com paciência, a planta crescer e produzir seus frutos. Por fim, colhe-os e prepara-os para comê-los e sentir-lhes o sabor. O amor-inteligente é amplo em suas percepções. Avalia o alcance de sua abrangência. Insere-se no conjunto, dimensionando-o na amplitude de toda a realidade, apresente-se ela com brilhos ou revestida de opacidade. Nada o impede de descobrir sentidos construtivos ao fácil e ao difícil, ao bonito e ao feio, ao agradável e ao desagradável, entendendo-os, na dialética de uma interação, capaz de levar sempre a crescimentos em mais e mais dimensões. 

Postado por José Morelli

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