quinta-feira, 7 de março de 2024

Presunção de perfeição

Ser perfeito não é prerrogativa humana; uma vez que esta qualidade é somente atribuível a Deus. Na verdade, por mais esforço e boa vontade que um ser humano tenha, ainda assim, suas ações serão sempre passíveis de alguma imperfeição. É por isso que alguns professores, no intuito de avaliarem com mais justiça os trabalhos de seus alunos, estabelecem a comparação entre eles como critério a ser adotado em seu julgamento: o trabalho que se apresenta melhor fica com a nota mais alta. Os demais são avaliados com notas intermediárias até chegar ao último, aquele considerado com o menor número de acertos. Este receberá a nota mais baixa. Ajuda a entender melhor esse tipo de julgamento avaliativo o expresso no dito popular que diz assim: “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”.

Na dinâmica do dia a dia, as pessoas, instantaneamente, se comparam umas com as outras. A partir do juízo que formam de si mesmas se posicionam relativamente às imagens mentais que formam dos outros. Pela lei do menor esforço, frequentemente, os julgamentos são feitos mais pelo que se observa exteriormente, do que pela consideração da realidade interior (fundamental) inerente a cada pessoa.

A realidade que envolve os humanos na vida presente é a mesma para todos e todas. Por isso, o critério avaliativo utilizado por professores também deveria ser utilizado por todos nós, cidadãos e cidadãs, em nossas considerações e tratos mútuos, bem como os juízes em seus julgamentos e o povo, em geral, na consideração e escolha daqueles e daquelas a quem desejam eleger como seus representantes, nos parlamentos e no executivo.

É preciso muito cuidado com a presunção de perfeição que pode nos levar a verdadeiras alucinações, uma vez que não é difícil que ela se volte para nós como feitiço contra o próprio feiticeiro. O que o presunçoso faz com o outro, desvalorizando-o, pode ele próprio se tornar vítima de outra pessoa, ainda mais presunçosa do que ele que, arrogantemente, o desvaloriza e o coloca debaixo de seu sapato.

Postado por José Morelli

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