Em casas mais antigas podem ser encontrados porões de vários tipos, alguns com mais facilidade de acesso outros com menos. Quanto à altura, há os que são mais rasos e os que permitem de adultos não precisarem se abaixar para neles permanecerem de pé. A luminosidade vinda de fora é, geralmente, pouca ou mesmo nula. Quem, na infância, passou pela experiência de entrar em um porão, com entrada de alçapão e sem escada, tendo que soltar as mãos para deixar-se cair até atingir o chão, traz guardado na memória a sensação que essa experiência costumava proporcionar. Os porões, em geral, possuem características parecidas, O status deles não goza do mesmo prestígio do que o dos outros cômodos mais nobres das moradias. Hoje, lugares que antes eram ocupados por porões, servem como espaços destinados a garagens para os carros, em casas ou prédios.
Quanto à
utilidade dos porões, eles ainda são o lugar por excelência para onde são
levados todos aqueles objetos e móveis que já não possuem lugar nos principais
cômodos da casa. Ali podem ser encontrados estrados de camas velhas, armários,
prateleiras, livros e discos em desuso e uma infinidade de outras tralhas que
ainda não foram doadas para entidades beneficentes ou mandadas para o lixo.
Sinais de um passado vivido podem ser reconhecidos em cada peça neles encontrada.
Se as paredes dos porões tivessem olhos e ouvidos, certamente teriam muitas e
muitas histórias para contar.
Paralelamente ao
que acontece com as casas, nossa mente também não deixa de ter uma espécie de
porão, no qual, consciente ou inconscientemente, à semelhança de utensílios em
desuso, fomos depositando um a um os registros e as lembranças de fatos
vivenciados e que fizeram parte de nossa história pessoal e familiar,
principalmente.
De quando em
quando, os porões precisam de uma reordenação total. A quantidade de tralhas
passa a incomodar a ponto de não se poder esperar mais para arregaçar as mangas
e vasculhar em tudo, reavaliando um a um cada objeto encontrado. Enquanto o
corpo executada essa tarefa, a mente também retorna a seu próprio porão
reencontrando suas antigas lembranças. Histórias boas e ruins, agradáveis e
desagradáveis, voltam à tona. As mãos tocam e sentem os objetos. A mente sugere
o que seria melhor fazer com cada um deles. Alguns papéis ainda são guardados,
enquanto outros são rasgados para poderem ser reciclados e terem novas vidas,
servindo a outras histórias, talvez menos desafortunadas que as por nós
vivenciadas.
Mesmo que deixassem
de existir porões nas casas, os da mente sempre existirão. Dentro de nós, o
novo e o velho necessitam manter um diálogo quase constante. Do passado sempre
se pode tirar, no presente, alguma boa lição... E o futuro não pode deixar de
reconhecer e agradecer por isso!
Postado por José Morelli
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