Uma qualidade de nossas ações, que revela o quanto
somos ou estamos bem física e emocionalmente, é nossa espontaneidade. O
movimento livre e harmonioso de nossos braços, de nossas pernas, de nossos
olhos, de nossa boca (ao falar, cantar ou rir), de nosso corpo todo, a
liberdade com que fluem nossos pensamentos, permitindo que nos manifestemos,
com agilidade e de maneira adequada, sem enroscos, revela o bom estado de saúde
em que nos encontramos.
A observação da espontaneidade e desenvoltura física e
mental, portanto, é um meio para medirmos as condições de equilíbrio e de saúde
de uma pessoa, bem como de seu desenvolvimento em cada etapa de sua vida.
O ambiente em que vivemos influencia na maneira como
estruturamos nossa personalidade. Podemos adaptar-nos a ele ou adotar uma
atitude reativa, comportando-nos de forma contrária à que ele apresenta ou
impõe. Se nos damos a chance de conviver e interagir com pessoas que têm
maneiras diferentes de pensar e de se comportar, podemos aprender com cada uma
delas, assimilando naturalmente aquilo que gostamos e que combina com o nosso
jeito de ser. Ampliamos assim nossa capacidade de responder às situações que,
no futuro, nos esperam e teremos que enfrentar.
Ambientes em que predominam o fechamento, o medo e o
preconceito não facilitam o desenvolvimento da espontaneidade. As crianças que
neles crescem e vivem tendem reproduzir os mesmos modelos, encontrando
dificuldades para se desembaraçarem, a não ser que consigam reagir
drasticamente. Neste caso, correm o risco de não encontrarem o ponto de
equilíbrio, que lhes permitiria de não se excederem. Fazem como o cavaleiro
medroso que, ao subir no cavalo, por causa da ansiedade, não consegue firmar-se
sobre ele, caindo do outro lado.
Cultivar a espontaneidade, exercitando-se para soltar
o corpo é uma excelente proposta. Mais espontâneo e liberto, nosso corpo pode
levar-nos a uma desenvoltura maior de nossa mente e de nossos sentimentos. O
jogo e o brinquedo também podem nos ajudar nesse sentido. A maior parte das
crianças pequenas são, naturalmente, espontâneas. Os receios e controles dos
adultos não chegaram, ainda, a contaminar suas cabecinhas e seus corações.
Brincar com os pequenos, envolvendo-se em suas atividades, ouvindo o que dizem,
rindo e participando com eles, pode nos ajudar a tornar-nos mais flexíveis,
espontâneos e, consequentemente, mais sadios.
Postado por José Morelli
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