Dependendo das circunstâncias e da condição emocional
em que se encontram, os pais poderão adotar para com o filho ou filha, que se
encontra em alguma dificuldade, não uma postura diretiva, mas um posicionamento
não-diretivo. Atuam não-diretivamente os pais quando, no lugar de raciocinar e
decidir pelo filho, ajudam-no a pensar e a concluir o raciocínio por si mesmo.
Fazem isto através de uma atitude de quem não tem respostas prontas e mediante
formulação de perguntas, que permitam ao filho a utilização dos próprios
referenciais, assumindo responsabilidade sobre os caminhos que deseja seguir.
Em vez de os pais se apressarem em oferecer fórmulas feitas, a não-diretividade
recomenda-lhes que acreditem nas capacidades do filho. É diretivo o pai ou mãe que
pensa que só ele (a) sabe o que é bom e o que é ruim. Não explica ao filho o porquê
de seus princípios e valores.
Não contribui, assim, para que o filho tire conclusões
a partir do que lhe já traz em si.
O medo, a ansiedade, a falta de confiança em si e no
filho são empecilhos a uma atitude facilitadora para que o mesmo adquira
autonomia de pensamento e de decisão. Quem tem sempre muita pressa, quem vive
com medo de que o erro não tem remédio, não o aceitando como instrumento do
saber, não consegue permitir o desenvolvimento do filho, de uma forma
gradativa, a partir de suas próprias vivências e experiências.
A não-diretividade não é o abandono do filho a si mesmo,
na hora em que este tem que enfrentar alguma dificuldade que lhe é intransferível.
Os pais não-diretivos não abdicam de suas obrigações, exigidas pelo papel que
desempenham junto aos filhos. Pelo contrário, através de sua coragem,
realizam de uma forma mais apropriada aquilo que a palavra “educar” significa
que é o de: conduzir a partir do interior do próprio educando.
A não-diretividade deve ser uma
postura profunda e constante, que exige muita observação e muita atenção. Para
ajudar o filho a pensar e saber decidir é preciso estar próximo dele,
percebê-lo, contribuir com ele para que saiba situar-se em seu contexto,
questioná-lo quanto ao que está pensando e sentindo, permitindo-lhe, assim, que
descubra quais são os múltiplos fatores que o estão condicionando. Agir
não-diretivamente é interessar-se pelo que de melhor existe no filho como uma
forma de querê-lo bem em sua integralidade, de reconhecê-lo em seus lados
fortes.
A não-diretividade é uma aposta nos aspectos mais positivos do filho,
mesmo que estes aspectos estejam cercados e protegidos pelo medo ou pelo
comodismo. Para se saborear o gosto da castanha é preciso tirá-la de sua casca,
sempre protegida com muitos espinhos. De forma parecida, algumas grandezas do
espírito humano só são descobertas, quando as resistências são vencidas e os espinhos
retirados, mesmo correndo risco de, eventualmente, machucar-se com algum deles.
Postado por José Morelli
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