quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Boas notícias

É da história que boas novas vieram de uma Mulher. Mais precisamente, de sua barriga. A notícia de um nascimento é sempre plural. Através dele, há um desdobramento do Bem, que vai se difundindo por si. É da história também que, antes de chegar à barriga, a criança foi aceita na decisão do pensamento e no amor do coração dessa Maria. Ela teria sido consultada por um anjo e sua resposta fora SIM. Da massa cinzenta, da pulsão de vida, da natureza que o cosmos contém, desse íntimo surgem boas notícias, que permearam e vem permeando a trajetória dos homens há séculos. A harmonia deve vir do íntimo. As boas, as melhores notícias, devem vir, também, desse mesmo íntimo.

Fanías, do grego, significa manifestações. Teós, da mesma origem, significa Deus. Teofanias são manifestações de Deus. Existem muitas. Na história de antigas civilizações encontram-se narrativas de nascimentos de deuses. A presença da mulher no processo da vida, emprestando seu corpo, qual semente fértil, é uma constante nas manifestações desses seres divinos, superiores. No pensamento da humanidade a esperança encontrou formas concretas, corporificadas, capazes de traduzir os melhores desejos, guardados no íntimo de cada pessoa.
Enquanto a divindade “desce” à Terra, valorizando-a e valorizando seus filhos, os filhos da Terra se projetam em grandezas, no valor da divindade, encontrando sentido em uma vida superior, menos limitada e menos “imperfeita”. Arrogam-se poderes, muitas vezes indevidamente.

O fato simples de um Deus vir à Terra para viver a vida dos homens, participando de tudo o que dela faz parte, desde as alegrias e esperanças, até as dores, tristezas e mesmo morte é uma espécie de validação dessa mesma vida. É como se Ele quisesse dizer: Não existe outro caminho mais glorioso para vocês humanos, senão o de serem plenamente o que são, humanos, com todas as grandezas e com todas as limitações que essa natureza contém. Para nós seres humanos o caminho é o da humanidade. Tudo o que faz parte deste contexto é profundamente nosso e deve ser vivido com a máxima intensidade, plenamente assumido e degustado, sugado até a última gota, seja doce, amarga ou azeda, não importa.

Da mulher, de seu íntimo, do imo de seu coração e de sua decisão vem uma das mais profundas lições da natureza e da fé.

Postado por José Morelli


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