quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Pele

É com ela que somos revestidos. Ela é o nosso invólucro, a embalagem que nos envolve, à semelhança de um presente adequadamente embrulhado. Nossa pele, num mesmo tempo, nos protege e nos expõe. Ela é nossa periferia, constituindo-se como divisas, postos avançados, que demarcam o território ocupado por nosso corpo físico, material. 

Nossa pele é parte do todo em que nos constituímos. Essa exterioridade da mesma é compartilhada por nossas unhas de mãos e de pés e por nossos pelos e cabelos, consideremos estes últimos bem ou mal distribuídos, não importa. Nossa pele é voltada para fora de nosso corpo e também voltada para o seu interior, mantendo contado com ambos os lados. A percepção do tato se dá, primordialmente a partir dos estímulos, provocados sobre a superfície de nossa pele.

Sensibilidade: externa e interna. De nossa pele, em nossa mente, concebemos um conceito, uma idéia construída. De acordo com esse conceito, criamos um sentimento, que pode ser positivo ou negativo: de amor ou de ódio, de contentamento ou de descontentamento. Podemos gostar ou não gostar de nossa pele por uma série de motivos. Com o nosso gostar harmonizamo-nos. Ganhamos paz. 

Fazemos fluir melhor a energia de um extremo ao outro de nosso organismo.
Interagimos com o meio ambiente através do toque, do contato direto que mantemos com o mesmo. O frio e o calor intensos podem agredir nossa pele, ferindo-a até. Quem se gosta se trata bem a si mesmo. Quem gosta da própria pele não se agride espremendo espinhas ou se judiando desnecessariamente.

Nossa pele é nosso espelho. Refletimo-nos nela pelo que somos, pensamos e sentimos. Sabemos que nosso existir não é solitário. Somos com o mundo ao nosso redor. Do juízo que fazemos deste, nasce em nós sentimentos relacionados a ele. Se o consideramos tão somente hostil, nutrimos medo dentro de nós mesmos. Nossa pele tem que encontrar maneiras de se proteger. Uma dialética se estabelece. Temos que nos fortalecer interiormente para que nossas superfícies (fronteiras) não tenham sozinhas que carregar esses pesados fardos.  

Postado por José Morelli         

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