É com ela que somos revestidos.
Ela é o nosso invólucro, a embalagem que nos envolve, à semelhança de um
presente adequadamente embrulhado. Nossa pele, num mesmo tempo, nos protege e
nos expõe. Ela é nossa periferia, constituindo-se como divisas, postos
avançados, que demarcam o território ocupado por nosso corpo físico, material.
Nossa
pele é parte do todo em que nos constituímos. Essa exterioridade da mesma é
compartilhada por nossas unhas de mãos e de pés e por nossos pelos e cabelos,
consideremos estes últimos bem ou mal distribuídos, não importa. Nossa pele é
voltada para fora de nosso corpo e também voltada para o seu interior, mantendo
contado com ambos os lados. A percepção do tato se dá, primordialmente a partir
dos estímulos, provocados sobre a superfície de nossa pele.
Sensibilidade: externa e interna.
De nossa pele, em nossa mente, concebemos um conceito, uma idéia construída. De
acordo com esse conceito, criamos um sentimento, que pode ser positivo ou
negativo: de amor ou de ódio, de contentamento ou de descontentamento. Podemos
gostar ou não gostar de nossa pele por uma série de motivos. Com o nosso gostar
harmonizamo-nos. Ganhamos paz.
Fazemos
fluir melhor a energia de um extremo ao outro de nosso organismo.
Interagimos com o meio ambiente
através do toque, do contato direto que mantemos com o mesmo. O frio e o calor
intensos podem agredir nossa pele, ferindo-a até. Quem se gosta se trata bem a
si mesmo. Quem gosta da própria pele não se agride espremendo espinhas ou se
judiando desnecessariamente.
Nossa pele é nosso espelho.
Refletimo-nos nela pelo que somos, pensamos e sentimos. Sabemos que nosso
existir não é solitário. Somos com o mundo ao nosso redor. Do juízo que fazemos
deste, nasce em nós sentimentos relacionados a ele. Se o consideramos tão
somente hostil, nutrimos medo dentro de nós mesmos. Nossa pele tem que encontrar
maneiras de se proteger. Uma dialética se estabelece. Temos que nos fortalecer interiormente
para que nossas superfícies (fronteiras) não tenham sozinhas que carregar esses
pesados fardos.
Postado por José Morelli
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