Estas duas palavras, separadas
por um hífen, provêem do latim. Alter significa outro e ego significa eu.
Ater-ego é o mesmo que outro eu. A existência desta palavra composta supõe de
que o eu pode se desdobrar em mais eus. Um é aquele com o qual o indivíduo se
vê identificado e se reconhece facilmente. O outro eu ou os outros eus são
aqueles com os quais o indivíduo não consegue se perceber de imediato, em si
mesmo, mas somente através da manifestação de outra pessoa. O alter-ego reflete
aspectos mais difíceis de serem aceitos conscientemente.
Um lutador de boxe pode servir
como alter-ego a expectadores que sempre se consideraram da paz, muito calmos e
pouco agressivos. Ao assistirem uma luta, esses expectadores se surpreendem
sentindo, em si mesmos, impulsos de agressividade. Sem querer, se percebem
nervosos, chegando até mesmo a movimentar os próprios braços, como se
estivessem querendo desferir socos no competidor. Com isso, revelam o outro
lado da própria personalidade. Olhando-se com um olhar mais autocrítico, a
partir dessa constatação, podem se reconhecer que não são tão pacíficos e
bonzinhos como se imaginavam que eram.
Ego-auxiliar é o profissional que
contracena com o protagonista de uma dificuldade ou problema, em uma sessão
psicodramática. Em alguns momentos, o ego-auxiliar deve funcionar como
alter-ego. Agindo ao contrário do que comumente agiria o protagonista da cena,
o ego auxiliar testa a hipótese de que a imagem com que o protagonista está
mais habituado a se reconhecer não esgota toda sua verdade. Ele é bem mais do
que pensa ser. Seus limites vão além do que imagina ser capaz.
No dia a dia, toda pessoa se
depara com vários alter-egos. A maior parte das vezes, estes são vistos neles
mesmos, sem que se possa perceber o quanto representam pelo que colocam à
mostra, chocando e causando constrangimentos. A televisão, o cinema criam
muitos alter-egos. A curiosidade, a admiração que certos personagens despertam nos
expectadores são indícios do quanto aqueles se encontram presentes nas fantasias
e nos sentimentos dos que os assistem através de imagens virtuais.
É próprio do adulto que se mostre
maduro em suas palavras e atitudes. Alguns destes são capazes de se permitir,
em certos momentos, deixar vazar a criança que nem sempre se encontra dormindo dentro
deles. Outros só se mostram através da censura que fazem àqueles que se permitem
tal liberdade.
Por José Morelli
Obrigado pelo texto professor José Morelli. Psicologia deveria ser mais difundida em nosso país.
ResponderExcluirMuito obrigada. Ultima frase incrível!
ResponderExcluiré sempre muito bom reforços positivos. Obrigado, Luana!
Excluirboa noite professor, fiz uma referência sua em meu livro " jardins de Julho" sobre o conceito de auter-ego. muito obrigado.
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