Estas qualificações foram
estabelecidas a partir da experiência humana. A visão que o homem construiu do
mundo se deveu à sua posição ereta e em pé e não deitado, apoiado sobre quatro
patas como a maior parte dos outros animais. Sendo assim, seus olhos viam na linha
do horizontal. A visão do sol, desde o momento em que este aparecia e iniciava
sua trajetória, era percebida descrevendo uma linha de ascensão até atingir seu
ponto máximo, passando depois a percorrer um caminho descendente, até
desaparecer no poente.
O homem ereto desenvolveu suas
pernas para caminhar e seus braços para manipular objetos e transformá-los,
aprimorando-se assim em suas habilidades manuais. Juntamente com as aptidões
corporais, desenvolviam-se os pensamentos. Altos e baixos ganharam significados
de oposição e de complementação. Uns foram estabelecidos relativamente aos
outros. No intermédio entre ambos, estabeleceram-se os conceitos de planos e de
planícies, de estabilidade e de equilíbrio.
Pouco a pouco, foram se formando
as primeiras falas ou linguagens: os grunhidos foram se diferenciando, ganhando
novos significados. As circunstâncias diferenciadas em que viviam as tribos primitivas
fizeram com que estas criassem palavras com sons e significados próprios. Desenhos
passaram a representar coisas, criando grafias que simbolizavam bichos,
plantas, objetos, movimentos e tudo aquilo que podia ser visto com os olhos,
apalpado com as mãos, ouvido os sons com os ouvidos, saboreado os gostos com o
paladar, diferenciado os cheiros com o olfato e compreendidos os significados
de cada um deles, combinando-se os entendimentos a partir de semelhanças e de
diferenças, formando agrupamentos, indicativos de seus sentidos para cima ou
para baixo.
Associaram-se a esses conceitos;
o positivo e o negativo; o bem e o mal, o certo e o errado, o prêmio e o
castigo, o claro e o escuro, o céu e a terra, a vida e a morte, o preto e o
branco, a riqueza e a pobreza e outros. A vida humana é um diálogo constante
entre opostos. Dizer que ela acontece entre “altos e baixos” é uma forma
bastante rica de expressá-la, não apenas em suas dimensões quantitativas, como
em suas dimensões qualitativas. Os dramas humanos precisam ser compreendidos em
seus porquês. O saber é um valioso instrumento para que o homem possa encontrar
as melhores maneiras de viver e de conviver com seus semelhantes e com o
planeta que é seu habitat comum.
Por José Morelli
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