segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Nossa Senhora da Penha e a Cidade de São Paulo

 O documento mais antigo em que consta registro da presença da primitiva igreja de Nossa Senhora da Penha é datado de 11 de fevereiro de 1667. A existência desta igreja serve como referência da fundação do bairro; por isso, neste ano de 2013, a Penha estará comemorando 346 anos de história.

No contexto da cidade de São Paulo, o desenvolvimento do bairro da Penha, comparado ao dos demais bairros paulistanos, se deu marcado por um importante diferencial, que o influenciou sobremaneira até os anos 50-60 do século passado. A população católica da cidade, que era percentualmente maior do que nos dias de hoje, alimentava a crença de que Maria, a Mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora da Penha, atendia aos pedidos em favor da cidade e de seus habitantes. Toda vez que ocorriam secas prolongadas ou epidemias graves era a Ela que os católicos recorriam. Popularmente, Nossa Senhora da Penha foi passando a ser considerada a padroeira solícita da cidade e da população paulistana. Nos últimos anos, o bairro penhense perdeu seu caráter de intensa religiosidade, deixando de apresentar aquele diferencial que antes o distinguia no âmbito geral da cidade.

Durante mais de dois séculos de história, quando a cidade era assolada por dificuldades, não foram poucas as vezes que a imagem de Nossa Senhora da Penha foi levada em procissão até a Sé Catedral, no intuito de facilitar ao povo da cidade a oportunidade de manifestar fé e esperança em sua poderosa intercessão. Quando a imagem permanecia no bairro, eram os paulistanos dos quatro cantos da cidade que acorriam a seu Santuário.

No ano de 1906, vieram para a Penha os missionários redentoristas. A presença destes representou um grande impulso à inspiração de que Maria é atenta às necessidades do povo, considerado em sua pessoalidade e em sua coletividade. “Em princípios de dezembro de 1918, por ocasião da pandemia de gripe espanhola provocada nos campos de batalha da primeira grande guerra mundial, o vigário da Penha, Padre Oscar Chagas de Azeredo, registrou no Livro do Tombo da Paróquia, apontamentos de um relatório encaminhado ao exmo. Sr. Arcebispo sobre os trabalhos realizados na Penha no sentido de combater esse terrível mal.

A epidemia que nas últimas sete semanas encheu de luto a Capital paulista, não poupou o pacato distrito da Penha; uma campanha, porém, de trabalhos e dedicação enfrentou energicamente o mal. Sob os auspícios do exmo. Sr. D. Duarte, Arcebispo Metropolitano, tratou-se de organizar, em boa hora, o serviço que requeria a maior energia e a maior calma. À medida que os casos se iam aumentando, cresciam os cuidados e o desvelo por parte das autoridades e do povo da Penha. Desapareceu toda a distinção de nacionalidade, de classes e de crenças...” O relato conclui dizendo que, “aos esforços humanos uniu Deus sua graça, pois de quase quatro mil gripados morreram noventa e três”.

 

Em sua missão de Padroeira da Cidade de São Paulo, Nossa Senhora da Penha quer ter consigo seus devotos. Estes, arregaçando as mangas, precisam se colocar a serviço da cidade e daqueles que, nela, mais precisam. Quem sabe este não poderia ser um novo modelo a ser instituído como pastoral no Santuário de Nossa Senhora da Penha, mediante a formação de um fórum permanente de cuidados pela cidade, forma paradigmática que assinalasse para novos valores, necessários à construção de uma sociedade mais fraterna e justa.

Postado por José Morelli

 

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