O documento mais antigo em que consta registro da presença da primitiva igreja de Nossa Senhora da Penha é datado de 11 de fevereiro de 1667. A existência desta igreja serve como referência da fundação do bairro; por isso, neste ano de 2013, a Penha estará comemorando 346 anos de história.
No contexto da
cidade de São Paulo, o desenvolvimento do bairro da Penha, comparado ao dos demais
bairros paulistanos, se deu marcado por um importante diferencial, que o influenciou
sobremaneira até os anos 50-60 do século passado. A população católica da
cidade, que era percentualmente maior do que nos dias de hoje, alimentava a
crença de que Maria, a Mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora da Penha,
atendia aos pedidos em favor da cidade e de seus habitantes. Toda vez que
ocorriam secas prolongadas ou epidemias graves era a Ela que os católicos
recorriam. Popularmente, Nossa Senhora da Penha foi passando a ser considerada a
padroeira solícita da cidade e da população paulistana. Nos últimos anos, o
bairro penhense perdeu seu caráter de intensa religiosidade, deixando de
apresentar aquele diferencial que antes o distinguia no âmbito geral da cidade.
Durante mais de
dois séculos de história, quando a cidade era assolada por dificuldades, não
foram poucas as vezes que a imagem de Nossa Senhora da Penha foi levada em
procissão até a Sé Catedral, no intuito de facilitar ao povo da cidade a oportunidade
de manifestar fé e esperança em sua poderosa intercessão. Quando a imagem permanecia
no bairro, eram os paulistanos dos quatro cantos da cidade que acorriam a seu Santuário.
No ano de 1906,
vieram para a Penha os missionários redentoristas. A presença destes
representou um grande impulso à inspiração de que Maria é atenta às necessidades
do povo, considerado em sua pessoalidade e em sua coletividade. “Em princípios
de dezembro de 1918, por ocasião da pandemia de gripe espanhola provocada nos
campos de batalha da primeira grande guerra mundial, o vigário da Penha, Padre
Oscar Chagas de Azeredo, registrou no Livro do Tombo da Paróquia, apontamentos
de um relatório encaminhado ao exmo. Sr. Arcebispo sobre os trabalhos
realizados na Penha no sentido de combater esse terrível mal.
A epidemia que
nas últimas sete semanas encheu de luto a Capital paulista, não poupou o pacato
distrito da Penha; uma campanha, porém, de trabalhos e dedicação enfrentou
energicamente o mal. Sob os auspícios do exmo. Sr. D. Duarte, Arcebispo
Metropolitano, tratou-se de organizar, em boa hora, o serviço que requeria a
maior energia e a maior calma. À medida que os casos se iam aumentando,
cresciam os cuidados e o desvelo por parte das autoridades e do povo da Penha.
Desapareceu toda a distinção de nacionalidade, de classes e de crenças...” O
relato conclui dizendo que, “aos esforços humanos uniu Deus sua graça, pois de
quase quatro mil gripados morreram noventa e três”.
Em
sua missão de Padroeira da Cidade de São Paulo, Nossa Senhora da Penha quer ter
consigo seus devotos. Estes, arregaçando as mangas, precisam se colocar a
serviço da cidade e daqueles que, nela, mais precisam. Quem sabe este não
poderia ser um novo modelo a ser instituído como pastoral no Santuário de Nossa
Senhora da Penha, mediante a formação de um fórum permanente de cuidados pela
cidade, forma paradigmática que assinalasse para novos valores, necessários à
construção de uma sociedade mais fraterna e justa.
Postado por José Morelli
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