Penha é pedra, penhasco, lugar alto (de onde se pode ver longe e ser visto também). “Não se acende uma candeia para coloca-la debaixo da mesa. Ao contrário, coloca-se em lugar visível e, assim, ilumina-se a todos os que estão na casa!” (Mt. 5,15).
Poucos anos
depois da chegada dos Padres Redentoristas aqui em nosso bairro paulistano da
Penha de França, no ano de 1905, o arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo
e Silva pediu a eles que procurassem um lugar adequado, no qual, em futuro
próximo, seria erguido um novo templo dedicado Àquela que, por escolha popular,
era e é considerada Padroeira da cidade de São Paulo.
Quando, em 1934,
já não havia mais condições de a Antiga Matriz da Penha, por suas diminutas
dimensões e precariedade de suas taipas, acolher aos inumeráveis peregrinos que
a ela vinham todos os fins de semana e pelo fato de os padres ainda não terem
encontrado um terreno próximo ao centro do bairro, que atendesse ao desejo de
Dom Duarte, preferiu-se fazer uma profunda reforma que remodelasse e ampliasse
o Velho Santuário, ali mesmo onde se encontrava, no topo da ladeira Coronel
Rodovalho.
Assim aconteceu.
Durante a execução da reforma, a Igreja do Rosário substituiu a Matriz por,
aproximadamente, seis meses - (de 1º. de julho de 1934 a 2 de fevereiro de
1935). Nesse período, a Igreja
construída pelos escravizados negros, membros da antiga Irmandade que aqui
existia, cumpriu o papel de sede paroquial em todas as suas funções.
Muitas
negociações foram necessárias para a aquisição da área que, hoje, é ocupada
pela Basílica de Nossa Senhora da Penha. Esta, mesmo não estando edificada em
lugares tão proeminentes como os das Igrejas da Penha, na cidade de Vitória no
Espírito Santo, e a do Rio de Janeiro com seus 365 degraus, ainda assim pode
ver e ser vista desde lugares variados e distantes: Vila Matilde, Tatuapé,
Belém, Guarulhos.
Depois de tantos
anos de construção, a Basílica finalmente se apresenta concluída tanto em sua
parte interna como externa. O Bairro e a Cidade, na necessidade de dinamizar
seus espaços, cresceu horizontal e verticalmente. Hoje, as torres de prédios
fazem sombra umas às outras, diminuindo-lhes a capacidade de visão das
paisagens em seus entornos.
Seguindo essa
mesma lógica, Monsenhor Calazans decidiu dar visibilidade à imagem de Nossa
Senhora da Penha em seu altar da Basílica. Ordenando que lhe fosse retirado o
manto, permitiu que a imagem passasse a ser vista e apreciada em sua
originalidade. O artista que a entalhou na madeira, deu-lhe feições delicadas e
expressivas. A simplicidade de suas vestes e de todo o conjunto, permite que a
sintamos mais despojada e próxima de cada um de nós.
Em nossa
Basílica, a decoração de vários de seus vitrais nos transmite uma lição
catequética de grande importância. Em trinta e seis deles estão representados
ícones de Nossa Senhora, cada um com seu respectivo título. “Todas as gerações
(em todo o mundo) me chamarão bem-aventurada”. Os vinte e um séculos de
cristianismo tem mostrado que a Mãe de Jesus tem presença constante na vida da Igreja e do
Povo de Deus. Cada lugar, cada povo tem sua experiência histórica dessa
presença. Nossa Basílica da Penha compartilha todas essas histórias, para que
nossas mentes sejam sempre abertas e amplas a todo conhecimento.
Postado por José Morelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário