segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Fazendo jus ao nome de PENHA

 Penha é pedra, penhasco, lugar alto (de onde se pode ver longe e ser visto também). “Não se acende uma candeia para coloca-la debaixo da mesa. Ao contrário, coloca-se em lugar visível e, assim, ilumina-se a todos os que estão na casa!” (Mt. 5,15).

Poucos anos depois da chegada dos Padres Redentoristas aqui em nosso bairro paulistano da Penha de França, no ano de 1905, o arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva pediu a eles que procurassem um lugar adequado, no qual, em futuro próximo, seria erguido um novo templo dedicado Àquela que, por escolha popular, era e é considerada Padroeira da cidade de São Paulo.

Quando, em 1934, já não havia mais condições de a Antiga Matriz da Penha, por suas diminutas dimensões e precariedade de suas taipas, acolher aos inumeráveis peregrinos que a ela vinham todos os fins de semana e pelo fato de os padres ainda não terem encontrado um terreno próximo ao centro do bairro, que atendesse ao desejo de Dom Duarte, preferiu-se fazer uma profunda reforma que remodelasse e ampliasse o Velho Santuário, ali mesmo onde se encontrava, no topo da ladeira Coronel Rodovalho.

Assim aconteceu. Durante a execução da reforma, a Igreja do Rosário substituiu a Matriz por, aproximadamente, seis meses - (de 1º. de julho de 1934 a 2 de fevereiro de 1935).  Nesse período, a Igreja construída pelos escravizados negros, membros da antiga Irmandade que aqui existia, cumpriu o papel de sede paroquial em todas as suas funções.

Muitas negociações foram necessárias para a aquisição da área que, hoje, é ocupada pela Basílica de Nossa Senhora da Penha. Esta, mesmo não estando edificada em lugares tão proeminentes como os das Igrejas da Penha, na cidade de Vitória no Espírito Santo, e a do Rio de Janeiro com seus 365 degraus, ainda assim pode ver e ser vista desde lugares variados e distantes: Vila Matilde, Tatuapé, Belém, Guarulhos.

Depois de tantos anos de construção, a Basílica finalmente se apresenta concluída tanto em sua parte interna como externa. O Bairro e a Cidade, na necessidade de dinamizar seus espaços, cresceu horizontal e verticalmente. Hoje, as torres de prédios fazem sombra umas às outras, diminuindo-lhes a capacidade de visão das paisagens em seus entornos.

Seguindo essa mesma lógica, Monsenhor Calazans decidiu dar visibilidade à imagem de Nossa Senhora da Penha em seu altar da Basílica. Ordenando que lhe fosse retirado o manto, permitiu que a imagem passasse a ser vista e apreciada em sua originalidade. O artista que a entalhou na madeira, deu-lhe feições delicadas e expressivas. A simplicidade de suas vestes e de todo o conjunto, permite que a sintamos mais despojada e próxima de cada um de nós.

Em nossa Basílica, a decoração de vários de seus vitrais nos transmite uma lição catequética de grande importância. Em trinta e seis deles estão representados ícones de Nossa Senhora, cada um com seu respectivo título. “Todas as gerações (em todo o mundo) me chamarão bem-aventurada”. Os vinte e um séculos de cristianismo tem mostrado que a Mãe de Jesus tem  presença constante na vida da Igreja e do Povo de Deus. Cada lugar, cada povo tem sua experiência histórica dessa presença. Nossa Basílica da Penha compartilha todas essas histórias, para que nossas mentes sejam sempre abertas e amplas a todo conhecimento. 

Postado por José Morelli

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