Sim, é o que fazemos sempre, dormindo ou acordados, através de tudo o que, de alguma forma, nos chega ao cérebro. Nossa capacidade perceptiva é exercida através de nossos cinco sentidos. São eles que captam o que se encontra ao nosso alcance, seja de forma real seja de forma virtual. Nosso cérebro, com sua capacidade de discernir, penetra com certa profundamente no entendimento das pessoas e das coisas, posicionando-nos perante cada uma delas.
Conscientizamo-nos
de nós mesmos e do mundo à nossa volta. Permitimos ou não que nossas percepções
se sedimentem ganhando maior consistência e significância. Voamos com nossos
pensamentos. As solicitações, de ver – ouvir – tocar – degustar - cheirar, são
tantas que é preciso seletividade nas horas de elegê-las como preferenciais.
A palavra
espelhar-se remete àquilo que entendemos como um objeto: o espelho. Dependendo
da luz que incide sobre o espelho, este reflete as imagens nele projetadas.
Estas vão e voltam. Levam nossas imagens até ele e ele no-las devolve ao
contrário da posição com que chegaram. É, por isso que, nas imagens refletidas,
nosso braço direito é o esquerdo e, o esquerdo, é o direito.
Nas estórias
infantis e na mitologia encontramos dois famosos espelhos: um é o da madrasta
da Branca de Neve que, ao mirar-se em seu espelho mágico, perguntava: “Espelho,
espelho meu, diga-me se existe alguém mais bonita do que eu?” O da mitologia é
o formado pelo lago onde Narciso, ao se ver refletido no mesmo, apaixonou-se por
sua própria imagem, não conseguindo ver mais ninguém além dele mesmo. Não foi
capaz de perceber e dar atenção aos olhares da Ninfa que também o admirava e
desejava.
As imagens, em
si mesmas, são objeto apenas: coisas simplesmente. As pessoas não são coisas,
são consciências capazes de entender e de modificar. Nossa vida consciente nos
permite que, instantaneamente, interpretemos as imagens invertidas (de cabeça
para baixo), projetadas através de nossas retinas sobre o nervo ótico. Somos gente, sujeitos capazes de assumir
responsabilidades quanto ao que pensamos, sentimos e fazemos.
Postado por José Morelli
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