É da história que boas notícias vieram de uma Mulher. Mais precisamente, de sua barriga grávida. A notícia de um nascimento é sempre plural. Através dele, há um desdobramento do Bem, que vai se difundindo por si. É da história também que, antes de chegar à barriga, a criança foi aceita na decisão do pensamento e no amor do coração. Maria foi consultada pelo anjo e sua resposta foi SIM. Da massa cinzenta, da pulsão de vida, da natureza que o cosmos contém, desse íntimo surgem boas novas, que permearam e vem permeando a trajetória dos homens há mais de dois mil anos. A harmonia deve vir do íntimo. As boas, as melhores notícias, devem vir, também, desse mesmo íntimo.
Fanías, do grego, significa manifestações.
Teós, da mesma língua, significa Deus. Teofanias são manifestações de Deus.
Existem muitas nas mitologias. Na história de antigas civilizações encontram-se
narrativas de nascimentos de deuses e de semideuses. A presença da mulher no
processo da vida, emprestando seu corpo, qual semente fértil, é uma constante
nas manifestações desses seres divinos, superiores. No pensamento da humanidade
a esperança encontrou formas concretas, corporificadas, capazes de traduzir os
melhores desejos, guardados na intimidade de cada pessoa.
Enquanto a divindade desce à Terra,
valorizando-a e valorizando seus filhos, os que nela tiveram origem se projetam
em grandezas, no valor da divindade, encontrando sentido em uma vida superior,
menos limitada e menos imperfeita. Arrogam-se poderes, muitas vezes
indevidamente.
O fato de um Deus vir à Terra para viver a
vida dos homens, participando de tudo o que dela faz parte, desde as alegrias e
esperanças, até as dores, tristezas e mesmo morte é uma espécie de validação
dessa mesma vida. É como se O Criador quisesse dizer: Não existe outro caminho
mais glorioso para vocês humanos, senão o de serem plenamente o que são, com
todas as grandezas e com todas as limitações que dessa natureza faz parte. Para
nós seres humanos o caminho é o da humanidade, se bem que elevada, em dignidade,
à altura do Filho de Deus Encarnado. Tudo o que faz parte deste contexto é
profundamente nosso e deve ser vivido com a máxima intensidade, plenamente
assumido e degustado, sugado até a última gota, seja doce, amarga ou azeda, não
importa. Da mulher, de seu íntimo, do imo de seu coração e de sua decisão vem
uma das mais profundas lições da natureza e da fé.
Postado por José Morelli
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