As coisas, as armas inclusive, pelo que elas são em si mesmas, não são passíveis de conotação moral: são indiferentes. Ganham conotação moral dependendo do por que e da maneira como são instrumentalizadas. O dinheiro, que é um meio tão fluido em sua capacidade de troca, pode rápida e facilmente se transformar em outras coisas boas ou ruins, dependendo de uma série de fatores ou circunstâncias. Se um bem qualquer for instrumentalizado em função de algo construtivo, a consequência será uma; porém, se for instrumentalizado em função de algo destrutivo, a consequência certamente não será benéfica e sim prejudicial. O dinheiro pode ser instrumentalizado tanto para a compra de um alimento que ajuda na saúde e bem estar, como para a compra de uma droga que leva à desintegração da mente e da saúde do próprio corpo.
No pensamento e na intenção de
Santos Dumont, Pai da Aviação, seu invento deveria ser instrumentalizado em
função de uma vida melhor para a humanidade, proporcionando mais conforto e
rapidez nas viagens; no entanto, qual não foi sua decepção quando viu os aviões
dos seus sonhos bombardeando a cidade de São Paulo, durante a revolução
constitucionalista de 1932. Essa instrumentalização de seu invento em função da
discórdia e não da concórdia, numa contenda fratricida, fez com que ele caísse
em uma tão profunda depressão a ponto de suicidar-se.
A religião pode ser
instrumentalizada em função de uma aproximação com os outros ou pode ser
instrumentalizada em função de uma desagregação, tendo em vista a vaidade de
quem a pratica, julgando-se melhor do que os outros. A posse de um carro pode
ser instrumentalizada em função do bem viver próprio e da família ou pode ser
instrumentaliza em função da possibilidade de zoar irresponsavelmente,
colocando-se a si e aos outros em risco de se acidentarem e de até perderem a
vida. A força física, a inteligência, a
sexualidade podem, também, serem inadequadamente instrumentalizadas.
Para quem não tem autocrítica,
instrumentalizar coisas ou acontecimentos, apenas e exclusivamente, em função dos
próprios interesses, denota uma incapacidade ética de reconhecer o outro em sua
importância, um fechamento no próprio egoísmo e egocentrismo.
Postado por José Morelli
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