sábado, 13 de fevereiro de 2021

Incluir/excluir

 Estas duas palavras se utilizam do mesmo verbo proveniente do latim. O que as diferenciam é o uso do prefixo que o antecede. Enquanto a primeira, se utiliza do prefixo in: dentro, a segunda se utiliza do prefixo ex: fora. Assim, os sentidos desses dois verbos indicam orientações diametralmente opostas. Incluir é o mesmo que trazer para dentro ou para perto, aceitar, compreender, inserir. Excluir, de acordo com o Google, é o mesmo que manter do lado de fora, não permitir a entrada, não dar um privilégio, não considerar. Com frequência, esses verbos são também utilizados na forma passiva ou reflexiva: incluir-se e excluir-se.

Mais importantes que as palavras são as ações concretas que estas representam. Incluir ou incluir-se, excluir ou excluir-se são atitudes que podem envolver coisas ou pessoas. No caso de envolvimento de coisas, a inclusão ou exclusão podem ser vistas e/ou sentidas com maior isenção de ânimo. No caso de envolvimento de pessoas, a inclusão ou exclusão podem ser vistas e/ou sentidas com maior densidade emocional.

É voz comum que o sistema que rege as relações humanas na contemporaneidade incentiva ao individualismo das pessoas. Essa tendência decorreria das facilidades com que os indivíduos conseguem se privilegiar, buscando se compensar frente às suas próprias angústias, geradas pela insegurança quanto à própria sobrevivência física e/ou emocional. Não conseguindo serem donos de si mesmos, os indivíduos seriam levados para o lado em que o vento bate mais forte, não desenvolvendo suas capacidades de dimensionar a realidade de forma mais objetiva e abrangente.

 A opção de adotar posturas individualistas ou altruístas exige capacidades desenvolvidas a partir de um aprendizado mais aprofundado de si mesmo e do outro e do valor inerente a cada um e todos indistintamente. Do velho latim, duas frases podem ilustrar as consequências que, normalmente decorrem dessas duas posturas: bonum est difusivum sui e malum est difusivum sui. Traduzindo: Tanto o bem como o mal tendem a se difundir a partir de uma força que lhes é inerente.

Postado por José Morelli

 

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