Depositário é aquele lugar onde
colocamos nossas coisas: bolsa, casa, armário,... Pode ser, também, o lugar
onde depositamos nossas ideias, fantasias e sentimentos. O papel em branco, por
exemplo, no qual escrevemos ou desenhamos, pode ser o depositário de nossas
inspirações e desabafos. Este, porém, apenas recebe o que nele colocamos, sem
acrescentar nada, além daquilo que nele foi escrito ou desenhado. Ao olhá-lo
depois, ele gentilmente nos devolve da mesma forma como nele nos expressamos.
Há momentos em que temos
necessidade de encontrar uma pessoa, alguém que nos ouça, servindo-nos como
depositário/a de tudo aquilo que está nos perturbando, alguém que nos acolha e
àquilo que queremos confidenciar-lhe, dando-nos atenção e respeitando o que lhe
dizemos, alguém que nos ouça sem pressa, não nos interrompendo, nem se
precipitando em tecer comentários sobre aquilo que ainda não conseguimos dizer
completamente e, menos ainda, em nos julgar e criticar, alguém que se mostre
interessado em nos entender, fazendo-nos perguntas, se necessário, para que possamos
nos explicar melhor.
Com isso, vamos nos organizando e
conseguindo elaborar melhor nossas ideias. Percebemos que estamos sendo ouvido.
Ficamos mais tranquilos. A tensão diminui. O emocional se apazigua. Vamos nos
soltando. Conseguimos fazer fluir pensamentos e palavras com mais desenvoltura
e facilidade. Recordamo-nos de coisas importantes, que nos ajudam a entender
melhor nossos problemas atuais e passados. Vamos nos predispondo a ouvir o que
vem do outro/a que se predispôs ouvir-nos com atenção e abertura.
Nossa necessidade de contar e
falar não precisa ser só de coisas desagradáveis e que nos incomodam. Existem
coisas boas que precisamos dividir com quem consiga valorizá-las e
reconhecer-lhes a importância que têm para nós, acolhendo-as como bons
depositários destas. A boa aceitação destas coisas é, também, a aceitação da própria
pessoa que as divide.
Recuperamos nossa autoconfiança a
partir da confiança que depositamos em quem nos ouve. Precisamos do outro/a.
Nele ou nela fazemos refletir a nós mesmos. Ficamos atentos para ver como é que
ele/a nos é capaz de acolher e aceitar como somos ou nos encontramos. Se for
capaz de aceitar-nos e de devolver-nos sem assustar-se conosco, reconhecendo-nos
no que somos, no que pensamos e sentimos, sem fazer drama nem tragédia, ótimo!...
A partir dele/a, conseguiremos somar algo muito bom, que nos sirva ao nosso
crescimento em autoconfiança e em autoestima.
Postado por José Morelli
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