sábado, 31 de dezembro de 2016

Susceptibilidade

Susceptível é a pessoa com susceptibilidade. Nossa pele é o maior órgão de nosso corpo. Ela nos envolve dos pés à cabeça. Ela é, também, as fronteiras que nos delimitam com o mundo externo, no qual vivemos e nos movimentamos. Ela é o nosso posto mais avançado, mediadora de todos os nossos contatos físicos. Dentre as peles que revestem os animais, a humana é uma das mais susceptíveis. Por isso, nossa pele é uma das partes do corpo onde as alergias se manifestam em maior quantidade e variedade. Quando queremos nos referir a pessoas que são insensíveis, dizemos que estas parecem não terem pele de gente; mas epiderme de elefante, grossa e intransponível.

No exemplo acima, susceptibilidade é essa disposição do organismo que pode atingi-lo não só na pele; mas em outros órgãos do corpo, tornando-o vulnerável a gripes, ao sereno e a certos medicamentos.  No plano psicológico, o indivíduo susceptível é aquele que facilmente se sente ofendido: um olhar torto, uma palavra interpretada como censura é capaz de derrubá-lo emocional e mesmo corporalmente. O mental e o corporal compõem um todo e se interferem mutuamente.

Fragilidade e susceptibilidade podem se combinar. E ninguém ignora que as crianças pequenas são frágeis e indefesas. Aos adultos cabe a tarefa de protegê-las. Os ambientes familiares são a forma (molde) onde as crianças são forjadas em suas personalidades básicas. É nesse meio que elas assimilam tudo o que lhes é passado. A confiança e a insegurança, a sinceridade e a mentira, a harmonia e a desarmonia, a tolerância e a intolerância formam o clima onde a criança respira dia e noite e tendo que sobreviver.

Toda criança desenvolve mecanismos de defesas naturais. Pela força ou pela fraqueza, a criança precisa desenvolver um mecanismo que a possibilite ter condições mínimas de sobrevivência. O estado emocional acompanha o desenvolvimento físico. O equilíbrio estabelece um critério sobre o que é sadio e o que é doente (doentio). A realidade em seu todo compreende o positivo e o negativo.

As palavras dirigidas - ou não - às crianças, a emotividade experimentada pelos adultos frente às situações batem nos olhos, nos ouvidos e na sensibilidade das crianças. Elas captam e absorvem e respondem de alguma forma. Às vezes mostram externamente o que acontece no íntimo delas, outras vezes trancam-se em si mesmas e sofrem caladas e sozinhas.

Postado por José Morelli

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