sábado, 31 de dezembro de 2016

Colocar-se no lugar do outro

Esse é um fenômeno comportamental que acontece com relativa frequência. É até mesmo provocado, com exímia eficácia, por teatrólogos e diretores de novelas. Inadvertidamente, os espectadores se vêm envolvidos nas tramas, vivenciadas pelos atores, sentindo intensamente as mesmas emoções dos personagens, magistralmente interpretados por estes.

No faz de conta é assim que funciona. Na vida real, o colocar-se no lugar do outro tem um nome bem apropriado, que é o de EMPATIA. Essa capacidade humana, assim chamada, pode ser provocada por uma aguda sensibilidade e coragem, que permite à pessoa de não só se perceber em suas próprias fundamentações e razões; mas, também, perceber as razões que determinam a resposta emocional do outro. Não se trata de uma mistura de sentimentos difusos. A empatia funciona como um sinal de alerta, que ajuda no discernimento da realidade em sua maior abrangência. Entendida dessa forma, a empatia se constitui como uma virtude ou qualidade humana.

No entanto, se o sentir-se no lugar do outro advém de uma vulnerabilidade, de uma fraqueza de personalidade, esse fenômeno comportamental já não pode ser considerado uma virtude. As sensações se misturam e torna-se difícil à pessoa distingui-las entre si. No lugar de se poder ter um maior governo da situação; o que acontece é um descontrole, uma perda da própria identidade na identidade do outro.  Essa fraqueza é perigosa. Pessoas ardilosas conseguem comover e mover corações, extorquindo ajudas (esmolas) indevidas, mediante chantagens bem ou mal arquitetadas.

Nas discussões, a empatia é fundamental a fim de que estas se tornem produtivas de fato. Sejam em discussões que envolvem indivíduos ou aquelas que envolvem grupos (coletivos), a empatia ajuda no bom entendimento da realidade em sua integralidade. Os apegos a umas ou a outras razões podem ser devidamente desvendados. O que importa não é o ego dos envolvidos nas discussões; mas qual a realidade dos fatos e o que está em jogo de se perder irremediavelmente.

Postado por José Morelli


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