domingo, 2 de março de 2014

Placebo

Quando uma vaca morre de parto ou antes do desmame do bezerro, o seu couro é colocado junto a este, para que não se recuse a mamar, pela falta que sente da mãe. Em alguns lugares, este couro da vaca é chamado de placebo.  O dicionário do Silveira Bueno diz que placebo é a “preparação desprovida de efeito farmacológico, que se dá em lugar do medicamento, para estudo da ação terapêutica psicológica ou real deste por dissociação”.

Nestes últimos dias, com o problema da falsificação de remédios, a televisão trouxe justificativas de um laboratório, que falava de remédios “falsos” (placebo), roubados ou desviados, que haviam sido fabricados para testes. Ouvi dizer, também, que algumas pessoas que tomaram “Viagra-placebo”, (feito para teste), obtiveram bom resultado. Nestes casos, a ação terapêutica ocorreu por razões psicológicas e essas pessoas não precisariam do remédio para conseguirem ereção.

O Brasil é considerado o país que mais consome remédios no mundo. Talvez, por isso, é que, aqui, o crime de falsificação  de  medicamentos seja um “prato-cheio”, para tantos inescrupulosos. Quando o médico deixa de prescrever algum remédio para seu paciente, é comum que esse paciente estranhe e sinta falta de não levar, pela consulta, nenhuma receita para casa. Há pessoas que são viciadas em remédios. E neste, como em outros casos, qualquer exagero, por excesso ou por falta, pode ser prejudicial às pessoas.

A recomendação de não se tomar remédios por conta própria, mas somente com a indicação do médico é muito válida, principalmente, num contexto como o nosso. Todos sabem, porém, que nem sempre é possível consultar o médico. Por isso, vale chamar a atenção das pessoas, para que sejam criteriosas ao se medicarem, não se esquecendo de que o organismo possui mecanismos próprios de superar a dor e de se ajustar, frente a algumas disfunções leves. Nestes casos, é bom dar uma chance ao corpo para que ele se reorganize e se recomponha por si, sem a interferência de medicamentos.

O psicólogo não receita remédios em suas consultas. A natureza do trabalho do psicólogo clínico exige que ele se volte para as pessoas, valorizando todas as potencialidades da vida destas, as ordens e as desordens que ajudam e que atrapalham, na administração do próprio existir, num mundo assim tão complexo como é este nosso.


Por José Morelli

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