sexta-feira, 6 de julho de 2012

Umbigo

O umbigo tem história na vida de cada um de nós. Ainda no útero de nossa mãe, foi através do chamado cordão umbilical que recebemos os nutrientes necessários ao nosso crescimento e desenvolvimento. Ao nascermos, este cordão foi cortado e amarrado até que cicatrizasse. Passados alguns dias, a parte excedente do cordão caiu, dando origem ao umbigo, propriamente dito. Com isso, desligamo-nos de nossa mãe e ganhamos independência, do ponto de vista físico. Iniciamos a primeira etapa no caminho de nossa autonomia. O umbigo ocupa um lugar central em nosso corpo, ficando ao alcance de nossos olhos e podendo ser visto com relativa facilidade.

Entre as expressões de linguagem encontradas, referentes ao cordão umbilical, temos aquela que nos diz que chega um momento na vida em que devemos cortá-lo definitivamente, significando a necessidade de rompermos os vínculos de dependência que possam nos estar ligando indevidamente a nossos pais, mantendo-nos infantis e impedidos de tornar-nos adultos. Outras duas expressões são aquelas que dizem que não devemos nos centrar em nosso próprio umbigo, indicando uma preocupação egoísta conosco mesmos, e aquela outra que nos recomenda que tomemos cuidado para que não nos consideremos o umbigo do mundo, isto é, o centro de todas as atenções, sujeito apenas com direitos, mas sem obrigações.

Hoje, a moda vem permitindo que o umbigo fique mais em evidência. Há quem até o adorne com piercing, destacando-o ainda mais. É provável que tudo isso seja a expressão da ansiedade dos jovens em adquirirem a própria liberdade e autonomia, bem como do individualismo, que a vida moderna propõe, através da voracidade de tantos apelos de consumo.

Corpo e mente são intimamente relacionados. Todas as partes do corpo são dignas de atenção e de estima. O resgate do umbigo, como parte a ser mostrada e valorizada pela estética da moda, pode ajudar no esforço constante de aproximação entre mente e corpo. Os hábitos são cíclicos. A cada volta deste ciclo são buscadas maneiras novas de expressão da vida por sua magnitude e intensidade. Cabe a cada pessoa escolher a maneira ou maneiras com que pode expressar-se, de modo a espelhar a harmonia com que se relaciona consigo mesma e com os outros.


Por José Morelli

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