quinta-feira, 12 de julho de 2012

Efeito bumerangue

O bumerangue é uma arma de arremesso, confeccionada de madeira escavada e em forma de arco, utilizada pelos indígenas australianos. Quando atirada, descreve curvas no ar e volta ao ponto de onde saiu.

O efeito bumerangue é, justamente, essa volta da arma para a pessoa que a arremessou. Com o sentimento de culpa e o remorso parece acontecer algo parecido. Quando falamos ou praticamos uma ação que percebemos prejudicar alguém, podemos sentir como se o mal que fizemos, voltasse para nós, perseguindo-nos e querendo nos ferir também.

O remorso é um sentimento que mistura culpa, arrependimento, vontade de se esconder ou de evitar ver/encarar a pessoa, a quem ferimos ou magoamos. É comum acontecer que o simples pensamento ou desejo de prejudicar alguém já possa nos fazer sentir remorso. Às vezes, esse simples pensamento reprimido, é capaz de nos fazer tropeçar ou bater a cabeça, como uma espécie de autopunição inconsciente. Outras vezes, é capaz de nos tirar a tranquilidade do sono, causando-nos algum sonho desagradável ou mesmo pesadelo.

O remorso tanto pode ter uma intensidade proporcional àquilo que pensamos ou fizemos de mal ou de errado, como pode ter uma intensidade exageradamente desproporcional. Este segundo caso já é indicativo de certo distúrbio psiquiátrico. A paranóia é uma doença em que a pessoa se sente perseguida e ameaçada de várias maneiras. O paranóico não consegue imaginar que os outros sejam capazes de entendê-lo e de perdoá-lo, uma vez que ele mesmo não consegue entender-se e não é capaz de perdoar-se.

O alcoólatra e o usuário de drogas podem ser levados ao vício por esse sentimento forte de culpa e de perseguição, originados por uma auto-imagem demasiadamente negativa de si mesmos. Exigem demais de si e se cobram perfeição. Consequentemente, não conseguem ter auto-estima. Intimamente julgam-se maus. Imaginam que tudo o que são, pensam, dizem e fazem é mau e, fatalmente, só poderão merecer a perseguição e a destruição por parte dos outros. Inconscientemente, pela bebida ou pelo tóxico, buscam a própria destruição, como por força de um castigo ou de uma sina, contra a qual se sentem impotentes de fazer qualquer coisa, para que dela possam se libertar.

Por José Morelli

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