O que é que se esconde por detrás
dessa expressão tão usual entre nós brasileiros?... – Escondem-se, pelo menos,
dois conceitos: o que é simbolizado pela areia
e o que é simbolizado pelo caminhão.
O primeiro deles é acompanhado do qualificativo muita. E o segundo é antecedido do pronome possessivo meu. O sujeito da frase, portanto, é a
pessoa que a pronuncia, considerando-se a partir de seu próprio juízo como
insuficiente ou incapaz. A frase, raríssimas vezes, é utilizada em sentido
literal.
Muita areia pode se referir a uma
pessoa muito bonita, muito sedutora, muito rica, muito prendada, muito
inteligente, de condição social mais elevada, etc. etc. Pode também se referir
a um bom emprego, a uma situação entendida como inacessível tendo em vista a
exigência de qualidades que demanda para ser almejada.
Acontece também dessa frase ser
afirmada, com ênfase, por outra pessoa: “Você não se enxerga, não está vendo
que é muuuita areia pra seu caminhãozinho?”... Nesse caso, a responsabilidade é
de quem faz a afirmação. Se este é movido por boa intenção, sua advertência pode
servir como um alerta, no sentido de proteger a quem viaja acreditando em um sonho impossível e irrealizável.
É claro que ambas as frases podem ser expressas levando em conta razões objetivas. No entanto, estas também podem ser expressas levando em conta ideias puramente subjetivas, sem fundamentos na realidade das pessoas e dos fatos. Quem pode saber, exatamente, o pensamento que se encontra na cabeça de cada pessoa?... Enganos homéricos acontecem principalmente em questões de relacionamentos pessoais. Diferenças, muitas vezes, não são vistas e entendidas como motivo de inviabilizar relacionamentos. Ao contrário, estas podem servir como motivação positiva para envolvimentos com ricas possibilidades de complementação. Não é raro acontecer de que opostos se atraiam, construindo excelentes resultados.
Postado por José Morelli
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