Estar e perceber-se bem. Sentir-se confortável, sem incômodos que impeçam a própria vida de ser reconhecida como estando satisfeita em seus desejos. Fazer o que deve ser feito de maneira fluida, prazerosa. Dar-se o descanso sem se fazer cobranças de não parar de produzir nenhum instante. Dormir um sono leve e reconfortante. Permitir-se sonhar sonhos bons e agradáveis. Levantar de manhã cedo, podendo sentir o frescor do dia que nasce. Estes e outros “bem-estares” merecem ser desejáveis? Constituem-se como um direito legítimo e mesmo necessário à vida de qualquer pessoa ou seriam eles um privilégio concedido apenas a alguns poucos eleitos da sorte?
A resposta a estas perguntas se
encontra na própria natureza humana que, por sua contingência material, embora
represente oportunidade, não deixa de impor limites a suas possibilidades. A
matéria, constituindo-se também como tempo e espaço, é a base sobre a qual se
sustenta qualquer realização humana. Na maior parte das pessoas, felizmente,
parece existir certo equilíbrio entre as situações que geram sensações de
bem-estar e mal-estar. Em outras, em número menor, se observa o predomínio de
situações e de sensações de bem-estar. Por fim, há um terceiro grupo de pessoas
não tão numeroso, em que predominam sensações incômodas de mal-estar.
É voz comum que, por sua
utilização, o cachimbo deixa torta a boca de quem dele faz uso constante. Assim
também o predomínio de situações e de sensações de mal-estar tende a tornar
crônica essa sensação. O mesmo se pode
dizer a respeito daqueles em que predominam sensações positivas de bem-estar,
sensações estas que podem levar a dificuldades de aceitação da realidade em
seus aspectos mais difíceis de serem enfrentados.
Seja qual for a qualificação das
situações e das sensações, prazerosa ou dolorosa, importa sobremaneira que cada
um aprenda a lidar com as próprias percepções temperando-as com objetividade em
seus juízos e compreensões. Os juízos que delas são feitos pela mente de cada
indivíduo podem ou não ajudar na forma de administrá-las. A capacidade
emocional de suportá-las se desenvolve na medida em que são feitas constatações,
que ajudam no dimensionamento mais aprofundado da realidade em seu todo.
Postado por José Morelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário