Quando alguma ação é reclamada
pelo afeto, é bem maior a probabilidade de que ela ocorra, mesmo que vá na contramão
da razão. Normas, obrigações, proibições, princípios e outros imperativos que
se impõem à inteligência vêem-se constantemente burlados pela afetividade.
Alguma válvula de escape permite que essa energia encontre vazão,
expressando-se de alguma forma.
O afeto é uma energia, força
sensível que emociona e gratifica. Por maiores e mais convincentes que sejam as
razões, se os sentimentos pendem para outra direção, os esforços se frustram ou
o rendimento no sentido das obrigações fica seriamente comprometido.
A concentração do jovem que
insiste “estudar” diante da televisão que transmite o jogo de seu time
preferido, fatalmente ficará prejudicada em sua capacidade de entender e de reter
a matéria a ser estudada naquela hora. O mesmo acontece quando uma paixão
envolve o coração de alguém. O mais comum é que esse indivíduo consuma grande
parte de seu tempo e de sua energia com o seu pensamento e interesse voltados
para a pessoa amada, que é objeto de sua paixão.
Um casal que construiu laços de
afetividade durante anos de convivência, exatamente por força desse sentimento,
tenderá a emitir respostas consonantes ao mesmo, encontrando dificuldades para
saírem dos esquemas e pactos já estabelecidos. A mesma coisa se pode dizer com
relação à afetividade daqueles que construíram laços afetivos em grupos
religiosos. A convivência, a amizade é, muitas vezes, mais forte do que motivos
que atendam a lógicas racionais.
Já que as razões do coração são
assim tão fortes, como intensificá-las e fortalecê-las? – As maneiras podem ser
muitas. Dependendo de pessoa para pessoa, o que fala alto para uma pode não ser
tão expressivo para outra. Na lógica do coração, nem sempre atitudes pacíficas
representam a autenticidade dos sentimentos de maneira mais incisiva e
verdadeira. A perda do controle, atitudes de indignação e de intolerância,
certa agressividade dramático-trágica podem significar, com mais eficácia, a
intensidade da dor que a ausência do afeto tem a capacidade de provocar.
Postado por José Morelli