Neste fim de semana, tive a
felicidade de ir à cidade mineira de Carmo do Cajuru. O motivo desta ida era o
de conhecer, mais de perto, uma manifestação cultural e histórica da população
afro-brasileira muito rica de expressividade em todas as suas formas.
Nessa cidade há uma igreja
dedicada a Nossa Senhora do Rosário, cuja data de construção remonta ao ano de
1771, coincidindo com o período em que se deram os acontecimentos que levaram à
deflagração da chamada “Inconfidência Mineira”. É provável também que a construção
da Igreja do Rosário daqui da Penha de França tenha ocorrido nessa mesma época,
uma vez que a Irmandade de homens pretos que a construiu já atuava desde 1755.
Uma palavra que pode dar uma
ideia aproximada do que os congados realizam nessa manifestação do Reisado de
Minas Gerais é a palavra “explosão”. Os tambores e demais instrumentos marcam
sons fortes que são acompanhados de danças. O chão é o alvo dos pés. Parece até
que os dançantes, com seus chocalhos em torno das canelas, querem acordá-lo de
algum sono profundo ou inércia, o que facilita que lhe levem as riquezas.
A viagem, em seu conjunto, serviu
como um banho de brasilidade. As figuras dos profetas, esculpidos em pedra
sabão por mestre Antonio Francisco Lisboa - o Aleijadinho – e que se encontram
no adro da igreja, em Congonhas do Campo, se constituem como ícones de uma fé
que não admite qualquer pacto com falsidades ou injustiças.
Nessa mesma linha de entendimento
se incluem os acontecimentos, ocorridos nos idos de 1717, em terras paulistas
do Vale do Paraíba, quando do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida,
por pescadores, nas águas do Rio Paraíba do Sul. Individual ou coletivamente, a
fé popular não objetiva a alienação de quem a pratica com sinceridade e boa
vontade.
Postado por José Morelli
Gostei muito estas coisas nus enriquece
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