quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Reisado de Minas

Neste fim de semana, tive a felicidade de ir à cidade mineira de Carmo do Cajuru. O motivo desta ida era o de conhecer, mais de perto, uma manifestação cultural e histórica da população afro-brasileira muito rica de expressividade em todas as suas formas.

Nessa cidade há uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, cuja data de construção remonta ao ano de 1771, coincidindo com o período em que se deram os acontecimentos que levaram à deflagração da chamada “Inconfidência Mineira”. É provável também que a construção da Igreja do Rosário daqui da Penha de França tenha ocorrido nessa mesma época, uma vez que a Irmandade de homens pretos que a construiu já atuava desde 1755.

Uma palavra que pode dar uma ideia aproximada do que os congados realizam nessa manifestação do Reisado de Minas Gerais é a palavra “explosão”. Os tambores e demais instrumentos marcam sons fortes que são acompanhados de danças. O chão é o alvo dos pés. Parece até que os dançantes, com seus chocalhos em torno das canelas, querem acordá-lo de algum sono profundo ou inércia, o que facilita que lhe levem as riquezas.

A viagem, em seu conjunto, serviu como um banho de brasilidade. As figuras dos profetas, esculpidos em pedra sabão por mestre Antonio Francisco Lisboa - o Aleijadinho – e que se encontram no adro da igreja, em Congonhas do Campo, se constituem como ícones de uma fé que não admite qualquer pacto com falsidades ou injustiças.

Nessa mesma linha de entendimento se incluem os acontecimentos, ocorridos nos idos de 1717, em terras paulistas do Vale do Paraíba, quando do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, por pescadores, nas águas do Rio Paraíba do Sul. Individual ou coletivamente, a fé popular não objetiva a alienação de quem a pratica com sinceridade e boa vontade.

Postado por José Morelli

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