“Gato escaldado tem medo de água
fria”, assim resumiu e sintetizou o ditado popular. Tendo passado pela
experiência de ter sido queimado com água fervente, o gato se assusta diante da
leve ameaça de ser atingido, mesmo que a água do balde esteja fria ou morna. Ao
barulho de um trovão, os cachorros respondem com expressões diametralmente
opostas de medo: latindo ou se escondendo, encolhido em algum canto que lhe
parece seguro. A criança pequena, por sua vez, chora e procura o colo da mão
para nele se refugiar e se sentir mais protegida.
O dia a dia proporciona vivências
potencialmente capazes de mostrar onde se encontram os perigos reais e
verdadeiros. O medo é um mecanismo de defesa necessário à sobrevivência dos
seres vivos e animados. Dos adultos, as crianças devem aprender a lidar com
esse mecanismo, indispensável à proteção e à sobrevivência de qualquer
indivíduo. No entanto, se o medo não deixa de ter o seu lado bom, não deixa
também de ter o seu lado mal e perverso. O medo exagerado não é bom
conselheiro. Ele pode mesmo passar a ser o maior de todos os inimigos do homem
e da mulher, paralisando-os em suas iniciativas.
A casca de proteção se torna tão
grossa e impermeável que, no lugar de ajudar na saúde do corpo, impede-o de se
desenvolver e se realizar. O medo passa a ocupar uma primazia de importância
que anula as outras potencialidades. Antes mesmo que dele se aproxime, o
indivíduo cria mil proteções no sentido de impedir-se de avançar, não se
permitindo de considera-lo em sua objetividade. É a isso que chamamos de: medo
do medo.
O medo do medo pode atingir tanto
um individuo como uma coletividade. Há aqueles que se aproveitam do medo alheio
para dele tirar proveito. Apostar no medo do medo faz prosperar grandes
negócios. As desigualdades polarizam as pessoas e os grupos sociais. Enquanto
alguns são extremamente ousados e arrojados, outros se encolhem em seus cantos,
totalmente dominados pelos mais variados tipos de medos.
Postado por José Morelli
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