sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Medo do medo

“Gato escaldado tem medo de água fria”, assim resumiu e sintetizou o ditado popular. Tendo passado pela experiência de ter sido queimado com água fervente, o gato se assusta diante da leve ameaça de ser atingido, mesmo que a água do balde esteja fria ou morna. Ao barulho de um trovão, os cachorros respondem com expressões diametralmente opostas de medo: latindo ou se escondendo, encolhido em algum canto que lhe parece seguro. A criança pequena, por sua vez, chora e procura o colo da mão para nele se refugiar e se sentir mais protegida.

O dia a dia proporciona vivências potencialmente capazes de mostrar onde se encontram os perigos reais e verdadeiros. O medo é um mecanismo de defesa necessário à sobrevivência dos seres vivos e animados. Dos adultos, as crianças devem aprender a lidar com esse mecanismo, indispensável à proteção e à sobrevivência de qualquer indivíduo. No entanto, se o medo não deixa de ter o seu lado bom, não deixa também de ter o seu lado mal e perverso. O medo exagerado não é bom conselheiro. Ele pode mesmo passar a ser o maior de todos os inimigos do homem e da mulher, paralisando-os em suas iniciativas.

A casca de proteção se torna tão grossa e impermeável que, no lugar de ajudar na saúde do corpo, impede-o de se desenvolver e se realizar. O medo passa a ocupar uma primazia de importância que anula as outras potencialidades. Antes mesmo que dele se aproxime, o indivíduo cria mil proteções no sentido de impedir-se de avançar, não se permitindo de considera-lo em sua objetividade. É a isso que chamamos de: medo do medo.

O medo do medo pode atingir tanto um individuo como uma coletividade. Há aqueles que se aproveitam do medo alheio para dele tirar proveito. Apostar no medo do medo faz prosperar grandes negócios. As desigualdades polarizam as pessoas e os grupos sociais. Enquanto alguns são extremamente ousados e arrojados, outros se encolhem em seus cantos, totalmente dominados pelos mais variados tipos de medos.  

Postado por José Morelli

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