quinta-feira, 31 de julho de 2014

Blefar

É o mesmo que “iludir no jogo, apostando e/ou agindo como se estivesse com boas cartas na mão”. O dicionário do Aurélio apresenta, ainda, como sinônimos de blefar: “enganar, lograr” bem como o de “esconder uma situação precária”. Blefe (substantivo) é o ato ou efeito de blefar.

Mesmo que as cartas sejam exatamente aquelas que são e não outras, o jogador mais experiente, usando de malícia, pode fazer uso do recurso adicional de blefar, a fim de tirar as maiores vantagens com isso, desde que seu adversário, no jogo ou na vida, embarque em suas estratégias. Trata-se de uma questão de sagacidade, de inteligência e, sem dúvida, também de coragem para correr risco. Consolidando o engano, porém, nada mais restará ao perdedor senão lamentar por ter se deixado levar tão ingenuamente.

O jogo faz parte da vida e a vida, em si mesma, também não deixa de ser um imenso jogo. Por isso, do jogo, o verbo e seu substantivo passaram a retratar situações do dia-a-dia, com as quais todos nós seres humanos, temos a necessidade de aprender a lidar. Ao brincar com as crianças, os adultos, às vezes, fingem chorar, tentando enganá-las. As crianças aprendem logo com o que lhes ensinam os adultos, imitando-os no que estes fazem. Dois exemplos de frases, encontrados no dicionário, mostram como os adultos continuam blefando, pelo resto de suas vidas: “Não está nada bem de finanças, mas continua blefando em casa” e “Blefou a vigilância do hospital e saiu sem ter alta”.


Além do que já foi dito acima e que parece fácil de entender, é preciso acrescentar outro tipo de blefe de compreensão menos fácil, mas possível de acontecer também com relativa frequência, trata-se do blefe com sigo mesmo. Qualquer pessoa é passível de praticar esse tipo de auto-ilusão, não se dando conta de que está enganando a si mesma. Diante de certas questões em que podem existir comprometimentos graves dos próprios interesses, a consciência do indivíduo reconhece, imediatamente, apenas as razões que lhe parecem ser favoráveis, não conseguindo reconhecer aquelas que não são favoráveis ou que assim lhe parecem e que o levam a tomar decisões de forma unilateral. O indivíduo fica como que cego e surdo. Só depois, quando seu estado de ânimo se acalma é que consegue analisar, com mais objetividade, a situação em que se encontrava envolvido. Cai em si e se dá conta do tamanho de sua dificuldade em aceitar e entender a realidade, em sua maior abrangência.  

Por José Morelli

Um comentário:

  1. Gostaria de saber como lidar com uma pessoa que blefa o tempo todo no seu cotidiano

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