É o mesmo que “iludir no jogo, apostando e/ou agindo como
se estivesse com boas cartas na mão”. O dicionário do Aurélio apresenta,
ainda, como sinônimos de blefar: “enganar,
lograr” bem como o de “esconder uma
situação precária”. Blefe (substantivo) é o ato ou efeito de blefar.
Mesmo que as cartas sejam
exatamente aquelas que são e não outras, o jogador mais experiente, usando de
malícia, pode fazer uso do recurso adicional de blefar, a fim de tirar as
maiores vantagens com isso, desde que seu adversário, no jogo ou na vida,
embarque em suas estratégias. Trata-se de uma questão de sagacidade, de
inteligência e, sem dúvida, também de coragem para correr risco. Consolidando o
engano, porém, nada mais restará ao perdedor senão lamentar por ter se deixado
levar tão ingenuamente.
O jogo faz parte da vida e a
vida, em si mesma, também não deixa de ser um imenso jogo. Por isso, do jogo, o
verbo e seu substantivo passaram a retratar situações do dia-a-dia, com as
quais todos nós seres humanos, temos a necessidade de aprender a lidar. Ao
brincar com as crianças, os adultos, às vezes, fingem chorar, tentando
enganá-las. As crianças aprendem logo com o que lhes ensinam os adultos, imitando-os
no que estes fazem. Dois exemplos de frases, encontrados no dicionário, mostram
como os adultos continuam blefando, pelo resto de suas vidas: “Não está nada bem de finanças, mas continua
blefando em casa” e “Blefou a
vigilância do hospital e saiu sem ter alta”.
Além do que já foi dito acima e
que parece fácil de entender, é preciso acrescentar outro tipo de blefe de
compreensão menos fácil, mas possível de acontecer também com relativa
frequência, trata-se do blefe com sigo
mesmo. Qualquer pessoa é passível de praticar esse tipo de auto-ilusão, não
se dando conta de que está enganando a si mesma. Diante de certas questões em
que podem existir comprometimentos graves dos próprios interesses, a
consciência do indivíduo reconhece, imediatamente, apenas as razões que lhe
parecem ser favoráveis, não conseguindo reconhecer aquelas que não são
favoráveis ou que assim lhe parecem e que o levam a tomar decisões de forma
unilateral. O indivíduo fica como que cego e surdo. Só depois, quando seu
estado de ânimo se acalma é que consegue analisar, com mais objetividade, a
situação em que se encontrava envolvido. Cai em si e se dá conta do tamanho de
sua dificuldade em aceitar e entender a realidade, em sua maior abrangência.
Por José Morelli
Gostaria de saber como lidar com uma pessoa que blefa o tempo todo no seu cotidiano
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