A ansiedade dói?... Talvez não
seja propriamente dor o que ela provoque, mas alguma coisa parecida com isso. O
certo é que ela incomoda, perturba, causa uma espécie de inquietação interior e
até mesmo de certo desconforto físico. A
ansiedade sequestra o pensamento e a emoção. As demandas viram manifestação de rua reclamando
prioridade na atenção e no empenho de serem atendidas. A ansiedade é uma auto cobrança
no desempenho próprio de, incondicionalmente, ter que ser bom, mal ou mediano,
perfeito, imperfeito ou, apenas, meia
boca em tudo que faz, pensa e sente.
Aprender a conviver com a própria
tendência de sentir a vida com ansiedade é a sina de quem nasce com esse defeito de fabricação. Pode ser também que
essa tendência tenha sido contraída congenitamente no seio materno ou, ainda,
por influências recebidas na fase de formação da personalidade, nos cinco
primeiros anos de vida. A verdade é que, em toda uma vida, não é nada fácil
administrar a própria ansiedade, otimizando suas vantagens e minimizando suas
desvantagens.
Mesmo que não deixe de ser uma
energia que pode impulsionar para frente, pela intensidade com que ela se
impõe, é comum que mais atrapalhe do que ajude. Quantas vezes, ela não acaba
estragando tudo na hora decisiva, aquela em que a bola só precisa de um pequeno
desvio para que atravesse a linha do gol.
Ansiedade circunstancial ou
situacional faz parte do processo normal de qualquer vida humana, ainda mais
num mundo apressado como é o do nosso estágio atual de humanidade. Na verdade,
sensações de ansiedade desse tipo pode ser sentida não como dor, mas como uma
excitação capaz de roubar horas de sono ou de criar um frenesi até gostoso
quando da chegada ao local onde um megashow do ídolo está prestes a começar.
Por fim, aquele tipo de ansiedade
que permanece como um ruído contínuo, incapaz de dar um minuto de sossego, este
sim merece atenções especiais. Para que o portador (a) desse tipo de ansiedade
consiga lidar melhor consigo mesmo (a), é preciso que se reconheça em sua verdade,
sem ignorar o mal que tem, desmitificando-o em seu poder; porém, reconhecendo-se
também suficiente para enfrentá-lo e suplantá-lo.
Por José Morelli
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