quarta-feira, 20 de novembro de 2013

“Sair da casca”

As cascas, que envolvem a maior parte dos frutos existentes nas diversas espécies de plantas e árvores, se assemelham às embalagens que a natureza, em sua sabedoria, projetou e concretizou. Até que amadureçam, os frutos precisam da proteção de suas cascas. Para que a água e a polpa do coco sejam extraídas é preciso furar e/ou quebrar a casca do fruto.

Diferentemente das embalagens industriais, as produzidas pela natureza não degradam o ambiente. Estas, pelo contrário, até passam a servir como excelentes fertilizantes da terra, ajudando para que outras plantas possam continuar a se desenvolver e a produzir novos frutos.  A necessidade das cascas perdura por um determinado tempo. Quando os frutos amadurecem, é imprescindível que saiam naturalmente ou sejam retirados de suas cascas, a fim de que possam cumprir o papel para o qual foram destinados, que é o de servir ao sustento de animais e de pessoas.

Os seres humanos também, de forma comparativa, constroem proteções (cascas) nos seus juízos e sentimentos. Em dados momentos, essas cascas são necessárias. Porém, na medida em que vai se dando o amadurecimento de cada indivíduo, aquilo que era proteção necessária passa a ser impedimento ao desenvolvimento pleno.

Os perigos que envolvem a vida humana podem ser reais ou imaginários. Os mecanismos que a mente idealiza para se proteger dos perigos (internos ou internos) ora são reais e legítimos ora não encontram justificativas. De maneira subconsciente, a mente se utiliza de mecanismos de defesa para evitar que se exponha a sofrimentos. O desvendamento desses mecanismos, juntado à coragem de enfrentá-los, se constituem como forma de quebra e de saída da própria casca.

A castanha é um fruto bastante apreciado por seu sabor e qualidades nutricionais. Para poder servir ao consumo; no entanto, é preciso retirá-la de sua casca, tarefa nada fácil. A casca da castanha é envolvida por duros espinhos. Para não se machucar, é preciso quebrá-la com algum instrumento: um pedaço de pau ou martelo. A tarefa de quebrar a própria casca do eu e sair dela pode ser comparada à retirada da casca da castanha. Além da vontade firme é preciso boa dose de coragem e determinação na constante busca do autoconhecimento e do auto-redirecionamento. 

Por José Morelli

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