quinta-feira, 16 de maio de 2019

Matriz de identidade

A família ou o meio onde a criança nasce e cresce pode ser chamado de “matriz de identidade”. Na indústria, matrizes são os moldes onde são fundidas as peças de vários tipos de metais. Os bebês são gerados com características próprias de suas cargas genéticas, de acordo com as combinações cromossômicas, resultantes da fusão entre células provindas do pai e da mãe. 

Durante o período em que se encontram em gestação, os fetos podem adquirir novas influências, que passam a ser incorporadas em suas constituições física e psíquica. A expressão “matriz de identidade” se aplica à fase posterior do nascimento, na qual a criança vai formando sua personalidade básica, em seus primeiros cinco anos de vida.

A criança, em sua primeira infância, é moldada a partir do ambiente que a cerca. As maneiras de ser de cada uma das pessoas, que fazem parte desse meio, contribuem para a conformação do molde, que condiciona o desenvolvimento da personalidade dos recém-chegados à família e ao meio social. Tudo o que há, de bom e de menos bom, se soma; constituindo-se em saliências e reentrâncias, que tanto transparecem no molde, como na peça, em seu processo de solidificação. As crianças captam e assimilam o todo e partes do meio em que vivem. Parece até que são munidas de eficientes radares que captam e respondem ao que se encontra à sua volta.

O consciente e o subconsciente delas trabalham dia e noite armazenando dados em seus cérebros. Pelo sim ou pelo não, tornam-se mais parecidas do que poderiam desejar, no futuro, com o ambiente de onde provieram e se desenvolveram.

Todos nós, adultos, fomos crianças um dia. Também somos produtos do meio em que fomos criados. Trazemos em nós características de nossos antepassados e dos ambientes de onde proviemos. Transmitimos às novas gerações parte do que herdamos. Não temos plena consciência de tudo o que representamos e não conseguimos ter controle sobre as influências que exercemos, entendidas como positivas ou negativas.

O fato de podermos ter, hoje, consciência de como se dá todo esse processo, serve-nos de alerta. Sabemos que somos co-responsáveis, em alguma dose, pelos resultados finais do que as crianças apresentam em seus procedimentos. Ao julgá-las, julgamo-nos a nós mesmos e àqueles que nos antecederam e que se constituíram como matrizes de nossas identidades pessoais.
 
Postado por José Morelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário