Desmanchar um emaranhado de fios
é um processo a ser realizado em etapas. Respeitar a sequência natural dessas
etapas, contendo-se na própria ansiedade, é um fator indispensável para que a
ação seja realizada de maneira mais eficaz. A voz do povo alerta que “a pressa
é inimiga da perfeição”. De fato, a pressa dificulta os indivíduos de entrarem
em contato com aquilo que estão fazendo. A sintonia do olhar com o objeto de
sua ação, a boa coordenação dos movimentos das mãos... Essas e outras condições
se tornam mais difíceis pela falta de certo controle da emoção.
Um emaranhado de fios pode muito bem
servir de comparação para muitas situações da vida, no dia a dia. Embora
nenhuma comparação seja perfeita em sua capacidade de esgotar toda a realidade,
ainda assim não deixa de ajudar tanto na expressão das ideias, através da
linguagem, como no exercício dos próprios desempenhos, mediante atitudes
concretas, que envolvam o corpo, forçando-o a mobilizar-se e a mexer-se
adequadamente.
Pensando no que foi exposto até
aqui, talvez se possa dizer que o corpo é a ponta do fio da meada.
Encontrando-a no corpo, fica mais fácil “desenrolar” o problema, no que ele tem
de mais oculto ou profundo. Neste caso, as partes do corpo envolvidas poderiam
ser entendidas como “terminais”, assim como os dos computadores, ligados às
centrais de informações e de dados.
A profundidade ou complexidade da
vida humana, no entanto, não pode resumir-se a noções mecanicistas. Embora
certas ideias e metodologias possam ajudar na solução de problemas de ordem
psicológica, não conseguem esgotar o que é necessário para o desvendamento mais
completo de suas causas e natureza. Na mão dupla dos caminhos, o sentido oposto
representado pelo inconsciente e seus meandros completa os recursos disponíveis,
constituindo-se num imenso arsenal, dinâmico e incomensurável, a disposição dos
profissionais, que se dedicam a esse estudo e à busca de solução de problemas
existenciais dos seres humanos.
Postado por José Morelli
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