sexta-feira, 2 de março de 2012

Fio da meada

Achar o “fio da meada” é uma expressão de nossa língua. Vi, no dicionário, que “meada” significa “porção de fios dobrados, emaranhados”. Quem já passou pela experiência de desmanchar um emaranhado de fios, sentiu a importância de encontrar a ponta para que o serviço fique mais fácil de ser realizado. Desde que a tenha encontrado, não que o trabalho deixe de exigir esforço e paciência, mas passa a render e a ter uma razão de continuidade com melhor definição de seu príncipio, meio e fim. Desmanchar um emaranhado de fios é um processo a ser realizado em etapas. Respeitar a seqüência natural dessas etapas, contendo-se na própria ansiedade, é um fator indispensável para que a tarefa seja realizada bem e com rapidez. “É preciso ter paciência!...” costumam dizer algumas pessoas. Em casos como esse, “a pressa é inimiga da perfeição”, dizem outras. A pressa, a falta de paciência dificultam os indivíduos de entrarem em contato com aquilo que estão fazendo. A sintonia do olhar com o objeto, a boa coordenação dos movimentos das mãos,... essas e outras condições deixam de existir, quando falta controle emocional.

Um emaranhado de fios pode muito bem servir de comparação para muitas situações da vida, no dia-a-dia. Embora nenhuma comparação seja perfeita, o uso delas pode ajudar, tanto na expressão das ideias, através da linguagem, como no exercício dos próprios desempenhos - (“performances”), em atitudes concretas, que envolvam o corpo, forçando-o a mobilizar-se e a mexer-se.

Pensando no que foi visto até aqui, talvez se possa dizer que o corpo é a ponta do fio da meada. Encontrando-o, fica mais fácil “desenrolar” o problema, no que ele tem de mais profundo, de mais enrolado. Neste caso, as partes do corpo, envolvidas, poderiam ser entendidas como “terminais”, assim como os dos computadores, ligados às centrais de informações e de dados.

A profundidade ou complexidade da vida humana, no entanto, não pode resumir-se a noções mecanicistas. Embora certas idéias e metodologias possam ajudar na solução de problemas de ordem psicológica, não conseguem esgotar o que é necessário, para o desvendamento mais completo de suas causas. Na mão dupla dos caminhos, o sentido oposto, repesentado pelo inconsciente e seus meandros, completam os recursos disponíveis, num imenso arsenal, dinâmico e incomensurável, à disposição dos profissionais, que se dedicam a esse estudo e a essa busca de solução de problemas humanos.

Por José Morelli

2 comentários:

  1. Excelente comparação do "fio da meada" para nossa vida. Realmente descobrir o fio que desatará

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  2. desatará os nós que nos aprisionam não é fácil... Mas necessário.

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