A primeira imagem que vem à mente é a de uma panela com tampa. Se esta se encontra com água fervente e ninguém a retira, o normal é que esta vá sendo forçada, pela pressão que vem de dentro, até que se abra e deixe sair o ar que se encontra nela comprimido.
Da mesma forma,
o paciente que busca uma psicoterapia, também precisa tirar-se a própria tampa.
Essa tarefa não é atribuição do terapeuta. A este compete criar as condições
mais favoráveis para que isso aconteça, inspirando confiança no paciente e
dando-lhe espaço para que possa falar de si, com total liberdade. O grau de dificuldade de cada um para
proceder a essa abertura varia muito. Há os que têm mais facilidade e os que
precisam vencer grandes resistências (defesas pessoais) para conseguir fazê-lo.
O sofrimento do
paciente é o que funciona como a pressão interna que força a remoção da tampa
da panela. Quem melhor pode identificar o que o faz sofrer é o próprio
paciente. Falar, chorar, emocionar-se pode servir como expressão da dor interna
que precisa ser mostrada e reconhecida. O reconhecimento e a aceitação daquilo
que incomoda já se constitui como aceitação/assimilação da própria verdade.
Parte essencial do processo de resgate ou de re apropriação de si mesmo.
Quem se tira a
tampa se mostra, em primeiro lugar, para si próprio. A coragem de fazê-lo deve
ser maior do que a vergonha de carregar dentro de si aquilo que o faz sofrer.
Tal atitude implica em aceitação da própria realidade, da própria verdade. Em
última análise, quem busca se conhecer melhor sempre acaba tendo que se
reconhecer, basicamente, em sua condição de gente, de pessoa humana, falível,
como todos os demais seres humanos. A perfeição é um atributo divino. Ninguém é
Deus, nem todo-poderoso.
A grandeza
humana se encontra no compartilhar da vida em seu todo. Qualidades e defeitos
fazem parte da realidade que nos é comum. O aprendizado da vida só é conseguido
mediante a vivência do dia a dia. Problemas emocionais ou existenciais se curam
mediante vivências concretas: visíveis, audíveis e tangíveis.
Postado por José Morelli
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