As cascas, que envolvem a maior parte dos frutos existentes nas diversas espécies de plantas e árvores, se assemelham às embalagens que a natureza, em sua sabedoria, projetou e concretizou. Até que amadureçam, os frutos precisam da proteção de suas cascas. Para que a água e a polpa do coco sejam extraídas é preciso furar e/ou quebrar a casca do fruto.
Diferentemente das embalagens
industriais, as produzidas pela natureza não degradam o ambiente. Estas, pelo
contrário, até passam a servir como excelentes fertilizantes da terra, ajudando
para que outras plantas possam continuar a se desenvolver e a produzir novos
frutos. A necessidade das cascas perdura
por um determinado tempo. Quando os frutos amadurecem, é imprescindível que
saiam naturalmente ou sejam retirados de suas cascas, a fim de que possam
cumprir o papel para o qual foram destinados, que é o de servir ao sustento de
animais e de pessoas.
Os seres humanos também, de forma
comparativa, constroem proteções (cascas) nos seus juízos e sentimentos. Em
dados momentos, essas cascas são necessárias. Porém, na medida em que vai se
dando o amadurecimento de cada indivíduo, aquilo que era proteção necessária
passa a ser impedimento ao desenvolvimento pleno.
Os perigos que envolvem a vida humana
podem ser reais ou imaginários. Os mecanismos que a mente idealiza para se proteger
dos perigos (internos ou externos) ora são reais e legítimos ora não encontram
justificativas. De maneira subconsciente, a mente se utiliza de mecanismos de
defesa para evitar que se exponha a sofrimentos. O desvendamento desses
mecanismos, juntado à coragem de enfrentá-los, se constituem como forma de
quebra e de saída da própria casca.
A castanha é um fruto bastante
apreciado por seu sabor e qualidades nutricionais. Para poder servir ao
consumo; no entanto, é preciso retirá-la de sua casca, tarefa nada fácil. A
casca da castanha é envolvida por duros espinhos. Para não se machucar, é
preciso quebrá-la com algum instrumento: um pedaço de pau ou martelo. A tarefa
de quebrar a própria casca do eu e sair dela pode ser comparada à retirada da
casca da castanha. Além da vontade firme é preciso boa dose de coragem e
determinação na constante busca do autoconhecimento e do auto-redirecionamento.
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