Este é o título de um livro, pequeno no tamanho; porém, importante no valor de sua mensagem. Ele foi escrito por Chiara Lubick, fundadora do Movimento Focolare. A tese nele desenvolvida pode se resumir no seguinte: “quem sabe perder: não perde, ganha; quem não sabe perder: perde, realmente”. Gostaria que você, leitor/a, refletisse e avaliasse se existe ou não consistência nesse entendimento.
É claro que, para quem é
imediatista e quer tudo para ontem, para quem só vale levar vantagens, fica
difícil aceitar qualquer perda, mesmo que esta seja por apenas alguns poucos
momentos. A vivência de cada um de nós pode demonstrar, na prática, que não é
fácil saber perder. A sensação de angústia provocada pela perda, a incerteza de
que dela possam reverter ganhos e mesmo o conformismo, expresso no dito
popular: “mais vale um pássaro na mão, do que dois voando”, exigem autocontrole
e segurança pessoal. Sem um mínimo dessas capacidades não é possível a prática
do saber perder. Quem não possui essa estrutura mínima é porque não consegue se
possuir e, consequentemente, se sentir seguro quanto à possibilidade de se
apoderar do que está ao seu alcance.
Constatar e assumir a falta de
estrutura pessoal que permita maior tolerância à frustração já é a aceitação de
uma perda: primeiro passo para uma tomada de atitude no sentido de buscar formas
de transformá-la em algum possível ganho. Acredito que a aceitação dessa
realidade seja fundamental para construção de uma personalidade mais
amadurecida.
O entendimento de que os filhos
não são dos pais, não pertencem a eles, é um juízo próprio de quem é adulto o
suficiente para entender a vida pelo que ela é. A observação tem demonstrado
como a ânsia de ter o filho só para si, com exclusividade, acarreta como
consequência uma perda ainda maior do filho. Mesmo que, aparentemente, o filho
esteja aceitando essa imposição, o sentimento dele, machucado pelo fato de não
ter sido respeitado em seus direitos, o dividirá ao meio, exacerbando lhe a
raiva dentro de si.
É preciso perceber todo o ganho embutido na perda de se conceder ao filho o direito de ser para si mesmo, de assumir a própria responsabilidade, de poder se vincular às outras pessoas e, com elas, compartilhar do próprio existir. Sem querer tornar absoluta a ideia do que foi exposto até aqui, termino com um alerta: todas as vezes em que se teme demais perder alguma coisa, corre-se um risco ainda maior de não conseguir concretizar esse objetivo tendo em vista a maneira inadequada de busca-lo.
Postado por José Morelli