O termo inferência é aplicado,
especialmente, à lógica. Trata-se de uma dedução, de uma verdade concluída a
partir de outras verdades (silogismo). A inferência histórica a que me refiro
é a seguinte: Se é um fato incontestável que, em seus primeiros tempos, o nosso
bairro da Penha de França, serviu como lugar de passagem e de pouso para viajantes
e tropeiros, que iam ou vinham de diversas outras regiões do país, esse fato
nos leva a concluir que, aqui, havia certa estrutura de acolhimento (estalagem,
armazém e outros prestadores de serviços) não só para as pessoas como também
para os animais que as acompanhavam. Documento, dos mais antigos, atesta que,
ao lado da primitiva capela, havia um curral.
Desses fatos decorre, também, que
os demais moradores da região da Penha, alguns donos de terras com seus familiares
e serviçais (escravos negros ou indígenas), vez ou outra, costumavam chegar a
esse centro, onde se davam as principais transações comerciais daquilo que
produziam. Mesmo que o objetivo principal fosse a troca de mercadorias, outra
troca também não podia deixar de se dar: a de informações.
Num tempo em que não havia nem
rádio, nem televisão e, menos ainda, internet e a maior parte das pessoas não
sabiam ler e escrever, o boca a boca era o principal meio de difusão das
notícias e novidades (fofocas) que “pipocavam” em todos os cantos. O vai e vem
de gente, pela Penha dos primeiros tempos, vinda de além mar e de outros
recantos do Brasil: de São Vicente ou do Rio de Janeiro, do Vale do Paraíba, das
Minas Gerais, da Bahia ou de Pernambuco, dos pampas gaúchos ou de outras vilas
e capitanias. Do poeta Paulo Eiró
(1825-1871), que por aqui passou, a Penha mereceu um de seus mais singelos poemas,
intitulado “Homenagem à Penha”. Dom Pedro I, acompanhado de sua comitiva, também
pernoitou na Penha, em 24 de agosto de 1822. Nessa mesma viagem, no dia 7 de
setembro, às margens do Riacho Ipiranga, Dom Pedro proclamou a Independência do
Brasil.
As festividades de nosso bairro, durante o mês de setembro que já está às portas, é uma oportunidade a mais de estreitarmos nossos laços com o lugar em que vivemos e com as pessoas, que conosco aqui compartilham e pisam neste mesmo chão.
Postado por José Morelli
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