Deletar vem do verbo latino
“delere”, que significa “destruir”, “matar”... Quanto poder tem o mero acionar
de uma simples tecla! Isso me faz lembrar aquelas cenas de filmes históricos da
Roma Antiga, em que o imperador se atribuía poder de decisão de vida ou de morte
daqueles que lutavam nas arenas dos grandes circos, existentes nas maiores
cidades do Império. Com apenas um gesto de mão com o polegar voltado para cima,
ele decidia pela salvação da vida do lutador; se, por outro lado e pela razão
que lhe aprouvesse, ele orientasse o polegar para baixo, sua decisão significava
a morte do contendor.
O verbo deletar vem se tornando
cada vez mais presente na linguagem corrente da sociedade. O uso das
tecnologias de comunicação ampliou as possibilidades de envios e recebimentos de
mensagens escritas. Com facilidade, estas podem ser acolhidas ou descartadas. A
tecla delete dá esse poder de descarte. Pouco a pouco, essa prática na
virtualidade nos vai condicionando a uma insensibilidade cada vez maior para
decidirmos pela exclusão deste ou daquele, disto ou daquilo. Hoje,
administramos uma profusão incrível de informações que nos chegam num tempo
insuficiente para acolhê-las todas de uma só vez. Daí, não ter como não
selecioná-las instantaneamente, mediante o acionar da tecla delete.
Porém, nas relações efetivas que
mantemos pessoalmente, uns com os outros, essa facilidade do descarte não pode
se dar sem que tenhamos cuidados especiais. As consequências imediatas de nossas
tomadas de atitudes, nos relacionamentos interpessoais diretos, não são iguais
às de nossas tomadas de atitudes nos relacionamentos mediados por tecnologias.
A vida real exige muito mais responsabilidade da parte dos interlocutores.
Postado por José Morelli
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